“Faz pouca diferença para onde vão Ciro ou Tebet. O eleitorado deles tende a ir para Lula”, aponta o cientista político
“Faz pouca diferença para onde vão Ciro ou Tebet. O eleitorado deles tende a ir para Lula”, aponta o cientista político
Começa o segundo turno entre Jair Bolsonaro (PL) e Lula (PT) nas eleições gerais de 2022. Nesta terça-feira (4), há expectativa de que os terceiro e quarto colocados na corrida presidencial, Simone Tebet (MDB) e Ciro Gomes (PDT), respectivamente, manifestem-se publicamente sobre o duelo que será prolongado até 30 de outubro. A pergunta que os eleitores se fazem no momento é: para onde irão os votos decisivos de Ciro e Tebet: Lula ou Bolsonaro?
Na visão do cientista político e CEO do instituto Quaest Pesquisas, Felipe Nunes, do ponto de vista eleitoral, pouco importa a quem Ciro e Tebet manifestem apoio, pois os eleitores tomarão a decisão sozinhos. E os dados apurados pela Quaest indicam que Lula será favorecido com os votos que restaram na terceira via.
“Os dados que temos hoje mostram que o que sobrou de eleitores, neste momento, dá a Lula muito mais condições de receber esses votos da Tebet e do Ciro. É como se todo o arsenal de votos que Bolsonaro tinha à disposição, se juntou para evitar a derrota para Lula [no primeiro turno].”
Isso não significa que a disputa será fácil para o campo progressista. Lula saiu do primeiro turno com 48% dos votos válidos contra 43% de Bolsonaro – cujo partido, o PL, elegeu uma grande bancada no Congresso, emplacou aliados nos governos estaduais e ainda irá disputar o segundo turno em estados importantes, como São Paulo. Além disso, segue com a máquina pública sob seu controle.
“Vamos ver quanto Bolsonaro consegue superar [no segundo turno] esse número que ele teve. Nos dados que temos hoje, o eleitorado de Tebet e Ciro tendem a ir para Lula”, reafirmou Nunes.
As pesquisas eleitorais erraram?
A maioria das pesquisas eleitorais não antecipou o ganho de musculatura de Bolsonaro às vésperas da votação. Mas em São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro – maiores colégios eleitorais do País – a pesquisa Genial/Quaest, destoando das demais, colocou no radar essa mudança de ventos a favor de Bolsonaro.
O candidato à reeleição acabou angariando já no primeiro turno uma fatia dos votos de Ciro e Tebet e ainda cresceu na contramão da queda de votos nulos e brancos, que em 2022 chegou à menor taxa desde a eleição 1994, cerca de 4,4%.
Para Nunes, o movimento do “voto útil” pró-Lula feito por artistas, intelectuais e personalidades da República, na reta final da campanha de primeiro turno, acabou levando o eleitor antipetista a se posicionar e turbinar Bolsonaro.
Na visão de Nunes, o aprendizado que se tira, para quem acompanha as pesquisas, é que não basta lançar olhares superficiais sobre os dados. “A gente tem que parar de olhar pesquisas como descritivo de corrida de cavalo.” Isso significa ir além do percentual de intenções de votos e dos votos válidos.
Na última Genial/Quaest antes do primeiro turno, 44% dos eleitores afirmaram que Bolsonaro merecia uma segunda chance como presidente. Índice bem perto da votação que ele tirou em 2 de outubro. “O sentimento estava ali guardado”, disse o cientista político e CEO da Quaest.
A próxima pesquisa Genial/Quaest será publicada na quinta-feira, 6 de outubro.
Frustração entre petistas
Em entrevista ao jornalista Luis Nassif, Felipe Nunes também colocou o resultado do primeiro turno para Lula em perspectiva.
“Me estranha a frustração do eleitorado petista com relação à votação de Lula. Lula nunca ganhou uma eleição no primeiro turno, mesmo nos tempos áureos. Ele não conseguiu eleger a Dilma em primeiro turno. Acreditar que Lula iria ganhar no primeiro turno era ingenuidade.”
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CÍNTIA ALVES ” JORNAL GGN” ( BRASIL)