Vai durar pouco a ordem dada, a pedido de Flávio Bolsonaro, para retirar do site do UOL a reportagem de Juliana Dal Piva e Thiago Herdy sobre os 51 imóveis comprados pela família Bolsonaro total ou parcialmente com uso de dinheiro vivo.
A censura é coisa do tempo – tão amado pelo clã – da ditadura e tem, pior ainda, a “justificativa” de que se basearia em “provas anuladas” no processo que se trancou sobre as “rachadinhas” da família. O menos grave que se poderia dizer da decisão do desembargador do Tribunal de Justiça do Distrito Federal é que ela foi tomada sem ler a reportagem, que foi construída com a coleta de documentos públicos em cartórios do Rio, de São Paulo e de Brasília.
Demetrius Gomes Cavalcanti, o indigitado desembargador, usa como razão o fato de que teriam vincula a compra de imóveis com dinheiro em espécie, cuja divulgação lhes é legítima, a suposições (o dinheiro teria proveniência ilícita) não submetidas ao crivo do Poder Judiciário, ao menos, até o momento”.
Ou seja, seria, na sua visão torta, necessário que a Justiça julgue que há origem ilícita para que qualquer jornalista possa levantar suspeitas sobre origem do dinheiro.
De qualquer forma, as poucas horas de vigência da censura serviram (e servirão) não só para reavivar o assunto, que já tinha perdido força, como para dar ares de culpa à compra dos imóveis, até porque o conteúdo da reportagem está livre para ser reproduzido.
Aliás, mais ainda porque proibido é mais atraente.
FERNANDO BRITO ” BLOG TIJOLAÇO” ( BRASIL)