Confira a análise de Felipe Nunes, CEO da Quaest, sobre a pesquisa presidencial divulgada neste 7 de Setembro
O Auxílio Brasil turbinado e outras benesses de caráter eleitoral pagas pelo governo não surtiram o efeito desejado na campanha de reeleição de Jair Bolsonaro (PL). Embora a imagem do governante continue “melhorando gradativa e continuamente”, esse trunfo não tem se convertido em votos expressivos para o presidente. Desta forma, “ainda” não há espaço para uma “virada bolsonarista”. É o que avalia o CEO da Quaest, Felipe Nunes.
Faltando 25 dias para o 1º turno das eleições gerais de 2022, a diferença entre Lula, líder, e Bolsonaro, segundo lugar, caiu para 10 pontos e é a menor da série histórica. Lula se mantém estável com 44% das intenções de voto, enquanto Bolsonaro oscila para 34%. Outros candidatos somam 13% de intenções de voto, sendo que Ciro Gomes (PDT) tem 7% e Simone Tebet (MDB), 4%. Em votos válidos, Lula tem 48,3%, abaixo dos 49,4% da pesquisa anterior.
“Mas se o quadro geral parece bem estável nas intenções de voto, a avaliação de governo continua melhorando gradativa e continuamente. A avaliação positiva chegou a 32% e a negativa a 39% – são os melhores índices já obtidos pelo governo desde julho do ano passado”, apontou Nunes.
Onde melhorou
Segundo o especialista em pesquisas, a recuperação na imagem do governo Bolsonaro se deu, sobretudo, entre os eleitores que votaram em Bolsonaro em 2018. “Subiu de 47% para 65% os eleitores de Bolsonaro de 2018 que avaliam o atual governo como ótimo e bom. Mas para virar o jogo, ele precisa de 85% desse eleitor.”
Por que melhorou
Ainda de acordo com Nunes, a melhora na avaliação do governo está relacionada ao ambiente econômico. A economia continua sendo o principal problema do país para 39% dos entrevistados. E cresceu “significativamente” o otimismo para 2023. “Saiu de 52% os eleitores que em março/22 defendiam que a economia ia melhorar para 69% em setembro/22. O voto prospectivo está favorável ao governo neste momento”, apontou Nunes.
Por que não impactou na intenção de votos
Mas por que esse otimismo em relação à economia melhorou a imagem de Bolsonaro, mas não impactou fortemente na sua intenção de voto? “Minha principal hipótese está na percepção sobre o preço de alimentos. O povo ainda não sentiu efeitos concretos da economia”, afirmou Felipe Nunes, frisando que, entre eleitores de baixa renda, 81% ainda não viram redução de preço dos alimentos.
“Se a expectativa de melhora da economia não se transformar em poder de compra, o mecanismo que conecta percepção econômica e voto fica ausente.”
Auxílio Brasil
Ainda na análise de Felipe Nunes, CEO da Quaest Pesquisas, o Auxílio Brasil continua não gerando o efeito eleitoral esperado pelo governo” Bolsonaro.
Quase 90% dos eleitores já sabem do benefício e 60% atribuem a Bolsonaro a responsabilidade pelo aumento do valor para 600 reais. Porém, “o efeito é nulo”. “O eleitorado percebeu que o aumento do Auxílio poderia se tratar de uma manobra: 62% acreditam que as medidas são para ajudar na reeleição do presidente. A estabilidade desse indicador reforça a tese de que o eleitor está mais mais crítico, exigindo mais dos políticos”, acrescentou.
Maioria acha que Lula é quem vai garantir Auxílio Brasil em 2023
A Genial/Quaest apurou ainda que 39% dos eleitores acreditam que Lula é quem vai garantir a continuidade do Auxílio Brasil a partir de 2023, enquanto 34% acham que Bolsonaro é o fiador mais confiável. Entre os eleitores de baixa renda, quase 50% acreditam mais em Lula, enquanto 27% apostam em Bolsonaro.
“Essa análise é importante porque reforça a tese de que o Auxílio não está dando o efeito esperado porque (1) foi percebido como manobra eleitoral e (2) porque Lula é visto como quem tem mais legitimidade para manter o Auxílio no patamar atual”, reforçou Nunes.
O trunfo de Bolsonaro
De maneira geral, o Auxílio Brasil turbinado rendeu a Bolsonaro o “trunfo” de manter intacta a percepção de que ele está fazendo o que pode no governo, para 45% do eleitorado.
Medo da reeleição
Nunes também destacou a estabilidade do percentual de eleitores que têm medo da continuidade do governo Bolsonaro (46%) ante a volta do PT (40%). “Ou seja, há espaço para uma redução na diferença entre os dois candidatos, mas não suficiente (ainda) para uma virada bolsonarista”, ponderou.
CÍNTIA ALVES ” JORNAL GGN” ( BRASIL)