GORBACHEV, UM RUSSO NO RIO DE JANEIRO

CHARGE DE CHICO CARUSO

‘Uma coisa o tirava do sério: a insistência do colega da Globo em se dirigir a ele em inglês’, diz a jornalista Denise Assis em referência a Mikhail Gorbachev

Mikhail Gorbachev, que morreu hoje aos 91 anos, esteve no Brasil. Cobri a sua passagem pelo Rio, na companhia da esposa Raissa, a suavidade em pessoa. Um homem afável, de estatura mediana, que sempre cumprimentava com um leve gesto de cabeça à imprensa. Uma única coisa o tirava do sério: a insistência do colega da Globo em se dirigir a ele em inglês.

Ele que havia chegado ao poder em 1985, iniciou o processo da Perestroika – uma espécie de abertura lenta e gradual à moda Geisel – em que abria o regime ao mercado e afrouxava o controle sobre a mídia. Sua vinda ao Brasil se deu em dezembro de 1992, um ano após deixar o poder, em 1991. Logo depois da sua saída a União Soviética se dissolveu. Gorbachev renunciou ao poder no dia 25 de dezembro daquele ano e no dia 26 o parlamento do país, o Soviet Supremo, reconheceu formalmente a independência de 15 novos Estados, encerrando assim a União Soviética.

No último dia de sua viagem ao Rio ele pediu ao intérprete que comunicasse ao colega: “diga a esse senhor que o meu idioma é o russo. É a língua do meu país. Que ele não insista. Não falarei na língua que ele quer”

Naquele dia, houve uma coletiva à tarde, decidida na última hora, no hotel Glória, onde se hospedou. Queria agradecer à imprensa, o trabalho de acompanhamento da visita. Cheguei atrasada. A chefia foi avisada tarde. Ele estava se despedindo. Pedi, por favor, que ele me concedesse uma pergunta.

Ele concordou. Perguntei se ele pretendia voltar ao poder. Ele disse que não. Sua missão seria concluir o trabalho de abertura e ir para casa. Foi a manchete em todos os veículos no dia seguinte. Ele cumpriu.

DENISE ASSIS ” BLOG BRASIL 247″ ( BRASIL)

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