Aí embaixo, vai o vídeo da primeira edição do horário eleitoral da campanha presidencial.
Chamo de “quase estreia” porque certamente haverá mudança nas peças para o horário noturno, que tem mais audiência e, portanto, mais impacto.
Mas já da para perceber o tom que terão.
Bolsonaro, diz coisas que não batem com a sensação das pessoas.
Enfrentou a pandemia, criou “um Brasil de oportunidade”, “o povo passou a trabalhar com mais vontade” com a “lei da liberdade econômica”. A Guerra da Ucrânia (que o programa “antecipou” para 2021, como forma de explicar os fiascos) parece que criou mais danos aqui do que em Kyev. Mas agora, tudo está uma maravilha, porque a gasolina está baixando de preço (baixando o que subiu desde o início do ano) e os empregos estão crescendo “de forma robusta”.
Na maioria das cenas, um rosto duro e, mesmo nas cenas com público, frieza.
O programa de Lula, ao contrário, apostou todas as fichas no sorriso e na esperança. Logo na primeira frase, agiu para desmontar as explorações religiosas sem cair na polêmica, com um “peço da Deus que ilumine esta nação” e durante 50 segundos de sua fala fixou-se nas dificuldades que o país vive, na referência à memória de seus governo e aponta para a esperança e a a certeza de que fará ainda melhor.
Geraldo Alckmin foi o único candidato a vice a falar nos programas, evidenciando o movimento de Lula em direção ao eleitor de centro, que ouviu o ex-gocvernador dizer que a democracia e o Brasil estão à frente de diferenças políticas.
Muito “povo fala”, fórmula que minguou nos programas eleitorais “de cinema”, mas que hoje tem um papel subsidiário de dissolver o medo criado pela política em declarar o voto em Lula e no PT, depois da experiência “opressora” – para usar a palavra de que tanto gosta o bolsonarismo – que gerou certo medo em se expor as preferências políticas que não fossem as da direita.
Um bom, mas longo texto lido por Gilberto Gil, que à noite deve vir de forma mais curta, se vier, com quase a mesma duração da fala de Lula, juntando a democracia aos direitos sociais e com pessoas do povo envergando a faixa presidencial para calçar o conceito do “Vamos Juntos” que norteia a comunicação.
O resto é o resto: Ciro empurrando carrinho de compras, reclamando do tempo de TV e caminhando solitário num centro de cidade, uma imagem terrível para quem tem problemas de isolamento. Ah, sim, a informação importantíssima de que Simone Tebet não sabe passar roupa, mas gosta “de arrumar casa, de varrer e de cozinha”. Decisivo, como se vê.
FERNANDO BRITO ” BLOG TIJOLAÇO” ( BRASIL)