Pretender comparar o número de celulares de 1998 com agora é uma tolice inominável
É impressionante o grau de desinformação que campeia no país. Cria-se uma versão, um factoide e ele resiste ao tempo.
É o caso da nota de Radar, da revista Veja, sobre a crítica de Fernando Haddad à privatização da telefonia>: “A gafe de Haddad que não encontra coro na realidade“. Segundo a nota:
“Em 1998, quando a Telebras foi privatizada, o Brasil tinha 17 milhões de linhas de telefone fixo e 4,6 milhões de telefones celulares — hoje, no Brasil, há mais linhas de celular do que pessoas. O que o parco número àquela época vai de encontro ao que defendeu Haddad: à época, as linhas chegavam a custar 5 mil dólares — o equivalente a 5 mil reais — e o minuto das ligações nas linhas custava mais de 1 dólar”.
É impressionante como se fazem afirmações sem o menor compromisso com a história. O modelo de compra de telefones – casado com compra de ações pelo usuário – há havia sido revogado anos antes. Já não havia esse modelo quando começou a privatização.
Pretender comparar o número de celulares de 1998 com agora é uma tolice inominável. É como comparar o número de automóveis dos EUA nos tempos do Ford K e nos anos 2.000. Estava-se no início de uma nova tecnologia e, obviamente, no início da venda de celulares. Tivesse havido ou não privatização, a demanda de celulares estouraria com o tempo – como ocorreu em todos os países.
LUIS NASSIF ” JORNAL GGN” ( BRASIL)