De proprietário de apartamentos no Copacabana Palace, Orlando Heitor Soares terminou a vida com bens colocados em carro
Um dos dramas da vida de Jô Soares foi a quebra dos negócios do pai.
Orlando Heitor Soares era paraibano, descendente de família de políticos da Paraíba e casado com a neta de um ex-governador do Espírito Santo, ainda no Império.
Antonio Bisaglia era um mineiro de Juiz de Fora, que fez carreira em São Paulo e seguiu para o Rio de Janeiro, para trabalhar com Sebastião Paes de Almeida.
Hospedava-se no Copacabana Palace. Orlando tinha vários apartamentos no Copacabana, 4 no último andar, casa em Teresópolis e um escritório de venda de títulos na avenida Rio Branco. Na época em que telefones eram raridades, seu escritório tinha uma mesa com 40 telefones instalados.
Segundo Bisaglia, “vendia até fumaça”.
Orlando ia ao escritório duas ou três horas por dia e no resto do dia ficava no Copacabana Palace, sempre de terno branco, fumando charutos.
Os negócios desandaram obrigando o filho Jô a voltar de Lausanne, Suiça, onde fora estudar. Tinha 18 anos.
O último dia de Orlando foi melancólico. Só restava um apartamento no hotel, mas ele estava dois meses atrasado com os pagamentos. Em um fim de semana, todos seus pertences foram colocados em um carro e transferidos para sua casa em Teresópolis.
Jô ficou muitos anos sem colocar os pés no hotel. Depois, foi trabalhar na TV Rio, com Silveira Sampaio.
Um dos tios de Jô era Togo Renan Soares que, nos anos 50, tornou-se o mais conhecido técnico de basquete do país, com o apelido de Kanela.
LUIS NASSIF ” JORNAL GGN” ( BRASIL)