A longa abstinência da direita no poder gerou uma corja de taras e tarados. A devassidão é generalizada: ética, moral, humanitária, institucional, política, econômica, educacional, ambiental e legal.
A prostituição jurídica agenciada por Sérgio Moro na 13 Vara de Curitiba pariu um gigolô da democracia. Depois do estupro constitucional, o Brasil se tornou um lupanar melancólico, decadente e destroçado por moléstias. Todos os porões mal iluminados exibem os traços do cansaço, as cicatrizes do desespero, os uivos dos órfãos enlutados, as dores das ilusões desfeitas, os suores aflitos dos desempregados, os soluços dos desesperançados, as penúrias dos desamparados, as angústias do porvir e a imundícia ocultada sob as cortinas puídas pelas orgias despudoradas do bolsonarismo.
Quando a luz penetra rasgando a opacidade pornográfica, flagra-se, invariavelmente, uma corrupção difusa para gestar um Estado tirânico, paralelo e crepuscular. Em cada cômodo na penumbra, em cada conjugado fétido, em cada cubículo sombrio a atmosfera recende a ruína, onde os vícios explodem em depravação, turvados pela fumaça inebriante do segredo, da mentira, da malícia, da preguiça e da milícia. Os escândalos se sucedem e sedimentam a certeza de que a Nação está sendo explorada como um prostíbulo, por uma escória de incapazes que reúne assassinos, salteadores, golpistas, mentirosos, milicianos, maus militares e degenerados. Uma malta da patifaria. A devassidão é generalizada: ética, moral, humanitária, institucional, política, econômica, educacional, ambiental e legal.
Os tarados que aliciavam subordinadas nas alcovas clandestinas de um dos maiores bancos públicos do Brasil espalham a essência da libertinagem mais repugnante e reafirmam o crepúsculo de uma gestão que insiste em ‘bordelizar’ o Brasil. “Atrás de todo moralista, mora um canalha”. A sentença de Nelson Rodrigues nunca foi tão apropriada para traduzir a vileza daqueles eleitos pela falsa agenda da família, moral e bons costumes.
Os escândalos da CEF contêm relatos estarrecedores da perversão do ex-presidente Pedro Guimarães, um colecionador de episódios de assédio sexual e moral, junto com uma turma de orgíacos que constrangiam as servidoras com a navalha ameaçadora dos rufiões públicos. Cristina, uma funcionária, revelou que, em uma viagem de trabalho, duas servidoras foram chamadas para ir à piscina do hotel encontrar Guimarães. Ouviu uma proposta indecente: “E se o presidente quiser transar com você?”. O “bataclan” federal – CEF – está com chefe nova, mas o miasma da perfídia recende malcheiroso em suas entranhas.
Nada discrepante da misoginia obscena de Jair Bolsonaro à deputada Maria do Rosário em 2014 (“É muito feia, não faz meu gênero, jamais a estupraria”), pela qual foi condenado a indenizá-la. Nada diferente do neon tóxico do recrutamento despudorado para o turismo sexual. Com apenas 3 meses na presidência, em abril de 2019, o cafetão Bolsonaro anunciou ao mundo que o Brasil se tornaria a meca do meretrício: “Quem quiser vir aqui fazer sexo com uma mulher, fique à vontade”.
A homofobia e a apologia à exploração sexual de mulheres exalam a mesma sordidez que motivou a segunda condenação de Bolsonaro em junho de 2022 por ofensas sexistas à jornalista Patrícia Campos Mello. “Queria dar o furo”, excretou Bolsonaro. As “Ucranianas são fáceis, porque são pobres”. A torpeza do ex-deputado Arthur do Val, cujo DNA bolsonarista é indisfarçável, gerou uma cassação por falta de decoro pela unanimidade da Assembleia Legislativa de São Paulo. A farra sexual nos horrores da guerra, uma necrofilia repulsiva, desnudaram mais um cafajeste, que foi cafetinado por um movimento de falsa castidade, um dos bastardos da nova política, a má-fama que abodegou o Brasil. A lista das promiscuidades desse covil é extensa.
As Forças Armadas passam por um processo de acentuada degradação. Poucas fardas desonradas no ‘trottoir’ governista se ajoelham numa felação constrangedora. A reputação das Forças Armadas piora a cada dia e está associada à corrupção, ao nepotismo, ao tráfico de influência, à incompetência, à covardia e ao golpismo.
O rufianismo tingiu de vergonha o verde-oliva. Contra a disfunção erétil dos oficiais foram adquiridas 35 mil doses de viagra (superfaturadas) e 60 próteses penianas. Para levantar o moral da tropa, outros itens foram adquiridos com dinheiro público. Apenas em gastos supérfluos, em 2020 foram mascados R$ 2,2 milhões em chicletes, torrados R$ 32 milhões com pizzas e refrigerantes e entornados R$ 15,6 milhões em leite condensado (“pra enfiar no rabo da imprensa”, segundo Bolsonaro), além de cerveja, salmão e outros quitutes para o alto comando. Há ainda um armário bolorento com cabides de emprego para parentes, pressões ilegítimas sobre o STF, tráfico de cocaína no avião presidencial, salários acima do teto constitucional, vacinas escondidas, notas golpistas e até a atuação político partidária. Símbolo maior da devassidão fardada é Eduardo Pazuello no enfrentamento da pandemia que vitimou quase 680 mil brasileiros. Um desastre generalizado. Sabotagem à ciência, atrasos fatais na compra de vacinas e oxigênio hospitalar, corrupção, acúmulo de cloroquina, desvios e mentiras seriadas. A caserna virou uma caverna da libertinagem e da masturbação autoritária.
O despudor, vulgarizado na Covaxin superfaturada e na corrupção da AstraZeneca, também foi descortinado no MEC. A volúpia de pastores evangélicos traficando prestígio, cobrando os programas em barras de ouro, deflorou a falsa castidade nos templos de sodomia do bolsonarismo. Os rufiões do contribuinte são os missionários Gilmar Silva dos Santos e Arilton Moura Correia, segundo as denúncias de prefeitos. O bacanal no MEC envolve prevaricação, corrupção, advocacia administrativa e tráfico de influência. Na orgia estão ainda kits de robótica, ônibus e tratores superfaturados e outras seduções financeiras atribuídas ao centrão, erotizado pelo orçamento secreto. O ex-ministro Milton Ribeiro, despido de qualquer decência, confessou que recebia de Bolsonaro os pedidos para atender os pastores e foi flagrado em um telefonema que configura a obstrução da Justiça. Madame Michelle Bolsonaro é apontada como a Maria Machadão das calçadas da educação. Uma CPI para vasculhar o folhetim da devassidão foi protocolada. A luz amarela, já ligada na campanha de Bolsonaro, pode se agravar com a luz vermelha acesa na zona da Educação.
A promiscuidade reina nesse templo mundano, dominado pelo vício e pelo ódio. Entre os ladrões, eternos amantes dos bordéis públicos, estão duas velhas cortesãs, íntimas das batidas policiais e dos presídios: Valdemar Costa Neto e Roberto Jefferson. Costa Neto é um proxeneta do crime e preside o PL, partido de programa que recebeu as juras de amor e fidelidade de Bolsonaro em novembro de 2021. O “boy”, alcunha das penumbras do crime (a ex-mulher, Maria Cristina Mendes Caldeira, guarda os segredos da alcova), foi sentenciado em dezembro de 2013 a sete anos e 10 meses por corrupção passiva e lavagem de dinheiro no mensalão. Depois de pernoitar durante um ano no xilindró, passou para prisão domiciliar.
Visitante íntimo das celas, Roberto Jefferson tentou estuprar a democracia para seduzir Bolsonaro. Foi para a cela pela segunda vez. Pela rapinagem nos quartinhos escuros do mensalão foi para cadeia pela primeira vez em 2014. Retornou à carceragem após os regozijos golpistas contra o STF: “Organização Criminosa é o Supremo. Orcrim. Uma organização de crime contra a Constituição, contra a dignidade humana”. Pregou abertamente um golpe contra os ministros do STF: “aposenta dez ministros do Supremo, menos o Kassio, (…) Mas pega aqueles dez satanases… as duas bruxas e os oito satanases, você aposenta, manda pra casa.”
Outro valentão da cadeia é o deputado Daniel Silveira. A primeira prisão foi por ataques contra ministros do STF. A segunda por quebrar as regras do uso da tornozeleira eletrônica por cerca de 30 vezes. A cana foi determinada por Alexandre de Moraes, do STF, a pedido da Procuradoria-Geral da República. Ao decidir, o ministro citou o “total desprezo pela Justiça”. O deputado Silveira foi preso em fevereiro de 2021 em razão de um vídeo difamando a democracia e fazendo apologia ao AI-5, o mais pornográfico ato institucional da repressão militar. Ele também pregou a destituição de ministros do Supremo Tribunal Federal, entre eles Edson Fachin. A prisão foi ratificada pela unanimidade do STF e confirmada pela Câmara dos Deputados. O leão de chácara do meretrício voltou a debochar do país, exibindo a placa quebrada com o nome de Marielle Franco, vereadora tocaiada pela milícia carioca. Após a sentença do STF a 8 anos e 9 meses de cadeia por infamar a democracia, Daniel Silveira, foi indultado pelo gerente “imbrochável” da zona, mas está inelegível. O afago gerou ciúmes no bordel.
Outro gigolô que agenciava o golpe, o fechamento dos Poderes, a ilegal intervenção das Forças Armadas na democracia é Allan dos Santos, extremista da esbórnia bolsonarista. Quando a sirene da polícia soou e a proteção falhou, escafedeu-se para os Estados Unidos. O ministro Alexandre de Moraes determinou sua prisão preventiva e extradição, sustentando que Allan dos Santos deve ser preso pela prática de seis crimes: promover, financiar e participar de organização criminosa, calúnia, injúria e difamação, lavagem de dinheiro e incitação ao crime. É um foragido que também tripudia sobre os Poderes. Os seus canais no YouTube foram fechados e a Justiça determinou o trancamento de todas as redes vinculadas ao blogueiro e suas contas bancárias. A polícia também prendeu um tal Zé Trovão. Um capanga anônimo, ignorante, sequestrado da insignificância às vésperas dos atos golpistas do 7 de setembro de 2021. Ele pregou paralisações e invasões ao STF e ao Congresso Nacional. A prisão preventiva foi decretada em 3 de setembro de 2021, por assédio à democracia. Outro eunuco golpista que voltou à irrelevância das sombras.
Sara Winter foi pioneira nas libertinagens contra o STF. Pretensa líder de um movimento chamado de 300 do Brasil, desvirginou na carceragem após a lascívia autoritária. Ela, junto com outros 6, foi presa em junho de 2020. Chefiou um acampamento de celerados, com menos de 30 pessoas, que atirou fogos contra o telhado do STF. Ela, como Roberto Jefferson, publicou fotos armada nas redes sociais em gestos de intimidação contra os Poderes Constituídos. Sara fazia provocações a Alexandre de Moraes. “Nunca mais vai ter paz na sua vida”, disse ela na tentativa de intimidação. Depois de 9 dias na prisão veio o arrependimento: “E não tem Bolsonaro para ajudar, e não tem Damares para ajudar”. A ex-deputada bolsonarista Flordelis está atrás das grades. Ela foi presa no mesmo dia de Roberto Jefferson, em sua casa, em Niterói, no Rio de Janeiro, 48 horas depois de perder o foro privilegiado. É acusada de mandante do assassinato do próprio marido.
Fabrício Queiroz era uma espécie gigolô-geral. Amigo íntimo do capitão, foi apontado pelo MP como operador da pornochanchada das ‘rachadinhas’ no gabinete de Flávio Bolsonaro. Queiroz, o senador Flávio e outros 15 foram fichados por 3 crimes: peculato, lavagem de dinheiro e organização criminosa. Fabrício Queiroz trabalhou por mais de dez anos com Flávio Bolsonaro. O Coaf iluminou movimentações de R$ 1,2 milhão na conta de Queiroz entre janeiro de 2016 e janeiro de 2017. Queiroz foi preso em Atibaia em junho de 2020 no cafofo de Frederick Wassef, então advogado de Flávio. Depois obteve uma domiciliar junto com a esposa que beliscou o mesmo benefício, mesmo sendo foragida. O MP acusou Flávio Bolsonaro de liderar uma organização criminosa que teria desviado R$ 6 milhões da Alerj através de “funcionários fantasmas” em cargos de confiança. A Promotoria rastreou mais de R$ 2 milhões repassados para a conta de Fabrício Queiroz, que transferia o dinheiro através do pagamento de despesas da família Bolsonaro, depósitos em contas bancárias do casal e transações imobiliárias para ocultar a indecência.
A dissimulação e a meia-luz são mantras das casas de tolerância. A mentira é método de desconexão da verdade para fidelizar a base e foi copiada de Adolf Hitler e Joseph Goebbels. Outra depravação contra as democracias é o secretismo. Tudo que possa desnudar as fraquezas da carne é classificado como segredo centenário. Os calhordas, que só agem nas sombras, são amantes das trevas e do furtivo. Têm aversão aos refletores, assim como os vampiros temem a luz do sol. Bolsonaro estendeu o véu da escuridão, nublando as regras da regulamentação da Lei de Acesso à Informação. Um ato cinzento ofuscou a transparência e banalizou o poder decisório para chancelar o sigilo de dados públicos. O Decreto 9.690/2019 aumentou o número de autoridades que atribuem confidencialidade aos dados antes disponibilizados pela Lei de Acesso à Informação, embaçando a transparência da norma. A classificação, de reservado a ultrassecreto, virou uma farra da opacidade e pode ser sacramentada por servidores com cargos comissionados DAS-6. Antes, a prerrogativa era do presidente, do vice-presidente, dos ministros e dos comandantes das Forças Armadas.
A longa abstinência da direita no poder gerou uma corja de taras e tarados. O ex-ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio, foi denunciado pelo laranjal do PSL. O partido que elegeu Bolsonaro também é investigado em outros estados. Ricardo Salles é investigado por corrupção. Abraham Weintraub, que defendeu a prisão dos “malandros” do STF, tem processo. Onyx Lorenzoni pagou para escapar do crime confesso de caixa 2. Um deputado e uma senadora bolsonarista foram cassados por falta de decoro. Há ainda os crimes contra o Estado Democrático, pelos quais são investigados os filhos do presidente e parlamentares que apoiam Bolsonaro. O capitão-cafetão tem inquéritos instaurados contra si e outros estão sendo pedidos na pornografia explícita do MEC. Entre os órfãos do cabaré reluzem o ex-secretário de Cultura, Roberto Alvim, que plagiou o nazista Joseph Goebbels; o ex-chefe da SECOM que produziu a peça publicitária com dizeres análogos ao campo de concentração de Auschwitz; o ex-chanceler terraplanista, Ernesto Araújo, que equiparou o isolamento social aos campos de concentração, Regina Duarte etc. Outros rebentos do abastardamento ainda batem perna no calçadão do bolsonarismo. Nomes de guerra como Felipes, Damares, Bias, Carlas, Janaínas, Queirogas, Queiroguinhas, Mayras, Helenos, Bragas entre outros. “Te chamam de ladrão, de bicha e maconheiro, transformam o país inteiro num puteiro…” O tempo, realmente, não para.
WEILLER DINIZ ” BLOG OS DIVERGENTES” ( BRASIL)