A primeira pergunta na CPI; Se não foi Milton Ribeiro, nem o Centrão, quem no Palácio do Planalto deu tantos poderes no MEC à dupla de pastores picaretas?
Como em todas outras gestões que ambicionam reeleição, era hora do governo Bolsonaro exibir realizações. Mas sua atual prioridade é apagar incêndios e se safar de escândalos. A farra dos pastores no Ministério da Educação, ao qual tiveram livre acesso muito antes do abobalhado Milton Ribeiro aderir a pândega com dinheiro público, ainda deixa a principal dúvida no ar: quem os pôs lá, por quais razões, e os manteve mesmo depois das investigações feitas por órgãos do governo.
Evidente que o ex-ministro evangélico Milton Ribeiro tirou boas casquinhas na troca de ganhos com os pastores Gilmar Santos e Arilton Moura. Mas, como ele mesmo disse em conversa gravada, obedeceu ordem de Jair Bolsonaro. Foi a fome com a vontade de comer. No cardápio, verbas públicas, pagas por todos os contribuintes, mesmos os que mal tem o que comer.
A equação que gera pavor no Planalto é de que a alguma CPI, mesma funcionando a meia bomba, meta o bedelho no que rolou e ainda rola no escurinho das relações palacianas intermediadas, à vezes vendidas, com o dinheiro público do Ministério da Educação. Os tais pastores são uma das trilhas. Podem ter outras. As cobiças e as roubalheiras ali vem de longe.
Daí a avaliação, inclusive entre quem acompanhou outros escândalos, que o buraco pode ser mais embaixo. quem conhece esse riscado diz que, por mais vantagens que seu ego e bolso tenham levado, Milton Ribeiro foi tão paspalho quanto o general Pazuello no Ministério da Saúde. Teriam se perdido por pequenos nacos em interesses muito maiores nas brechas das arcas de centenas de bilhões no Orçamento da União.
Que os tais pastores receberam a benção palaciana para passarem o chapéu no MEC é jogo jogado. O que nesse caso se precisar saber é quem os apadrinhou. Nem dá para pôr a culpa no Centrão que chegou lá depois dos pastores já estarem nadando de braçada. Um deles, o operador Arilton, foi até vetado para um alto cargo no Ministério pela Casa Civil chefiada por Ciro Nogueira, cacique do Centrão.
Como jabuti não sobe árvore, ou foi enchente ou mão de gente.
De quem?
Essa é a pergunta que uma CPI pode fazer e o Planalto não quer responder.
A conferir.
ANDREI MEIRELES ” BLOG OS DIVERGENTES” ( BRASIL)