Qualquer manual de gestão de crise – destes que hoje qualquer empresa de médio ou grande porte tem – diz que a velocidade com que se reage a situações negativas e comprometedoras é essencial para a redução de danos. Ensinam também que a resposta não pode ser um “rolando lero”, mas dar-se de forma objetiva, palpável, com iniciativas concretas de combate não só aos efeitos dos acontecimentos como às suas causas.
Jamais um “tirar o corpo fora”, que é algo completamente sem serventia em crises.
A reação do governo Bolsonaro ao episódio do assédio sexual de Pedro Guimarães às suas subordinadas na Caixa Econômica Federal é, quase que exatamente, o contrário disso. E isso acontece porque o desastre, para o governo, não é o fato, mas ele ter sido denunciado.
Quase 24 horas depois da reportagem que detonou a bomba, tudo o que se tem é que Bolsonaro “vai” trocar o comando de um banco que – até por sua natureza e atividades não é nada distante da população mais simples: sugere-se que sai Guimarães entra uma mulher, Daniela Marques que, com todo o respeito profissional que possa merecer, está sendo escolhida, evidentemente, por ser mulher e, por isso, parecer uma resposta à cultura do assédio que, aliás, foi completamente tolerada.
Uma redução que, francamente, a coloca quase que – sem trocadilho – uma indicação “genérica” para o comando do 4° maior banco do país, segundo lista publicada pela revista Exame.
O desgaste na já erodida imagem do presidente – e, em especial, entre as mulheres, entre as quais é desastrosa – fica maior porque se dá sobre uma questão de alto poder de escândalo e, pior, sobre algo que está perto da realidade e da experiência das pessoas de todas as classes sociais e, a rigor, de todas as faixas etárias jovens e adultas.
O potencial de dano, evidente, é nuclear
FERNANDO BRITO ” BLOG TIJOLAÇO” ( BRASIL)