PARA ENTENDER AS CABEÇAS EM TORNO DO PROGRAMA ECONÔMICO DO PT

Por isso mesmo, quem quiser entender o futuro programa econômico de Lula, mesmo com todos os vácuos de decisão, deve prestar atenção no ex-Ministro da Saúde Alexandre Padilha.

O primeiro passo é separar a figura de Lula do PT. O PT é o partido de Lula. Mas o governo de Lula é uma frente ampla, na qual o PT terá papel preponderante. Por isso mesmo, os trabalhos elaborados pela Fundação Perseu Abramo serão relevantes, mas não serão a última palavra para o governo Lula. A última palavra será, sempre, de Lula, negociando com os parceiros.

Aí entra o fator Aloisio Mercadante. Ele tem história no PT, participou das origens, no início dos anos 90 fazia parte do setor econômico do PT – ao lado de Guido Mantega -, tornou-se interlocutor com grandes empresas e consolidou um estilo político rompedor. Tem dificuldades de relacionamento, é grosseiro, imperial. E não menciono essas características como crítica pessoal, mesmo porque temos mais de 30 anos de convivência e seus arroubos nunca atrapalhou o relacionamento. Essas características são defeitos políticos.

Na grande crise do impeachment, um dos maiores obstáculos encontrados por aqueles que tentavam salvar o governo Dilma, eram as mágoas dos políticos com Mercadante e a própria Dilma. Além de uma megalomania, que o fez explodir alguns programas criados por Fernando Haddad, inchando-os além do que recomendava a prudência.

Mercadante quer impor as ideias de seu grupo. E o faz com a desenvoltura dos ignaros, sem preocupação com linguagem, com estratégias de contornar os preconceitos que se abatem sobre o PT. A divulgação não visa combater as propostas liberais – inexistentes -, mas os próprios estudos que estão sendo conduzidos por especialistas diretamente ligados a Lula.

Por isso mesmo, quem quiser entender o futuro programa econômico de Lula, mesmo com todos os vácuos de decisão, deve prestar atenção no ex-Ministro da Saúde Alexandre Padilha. Ele tem conduzido um diálogo firme e com credibilidade junto ao tal do mercado e setores empresariais. E, na medida do possível, tenta consertar os estragos de Mercadante, que se tornou a festa dos editorialistas do Estadão, Globo e Folha.

LUIS NASSIF ” JORNAL GGN” ( BRASIL)

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