Monica Bergamo, na Folha, conta-nos que a XP Investimentos cassou a divulgação de uma pesquisa do Ipespe , que o banco vem contratando há dois anos, sobre as eleições.
Diz ela que ministros do Governo e grandes investidores do agronegócio pressionaram a XP por estar apresentando crescentes percentuais de favoritismo de Lula e, sobretudo, por uma das tabelas da última edição da pesquisa, esta aí de cima, que mostrava que a percepção pública de honestidade favorecia o ex-presidente sobre o atual.
E conseguiram, num gesto de covardia e burrice dos gestores da empresa, que concordaram com algo essencial para uma corretora: a confiança de clientes e potenciais clientes, que certamente esperam entregar o seu dinheiro para ser aplicado por gente que não esconda a verdade.
O que, no caso da XP, não surpreende, depois que eles tentariam inventar Luciano Huck como candidato à Presidência. Aliás, não surpreende que o mercado financeiro esteja cheio destes sabujismo ao governo, como foi o caso do inacreditável vídeo do presidente do Bradesco, o “Soldado 939 Lazari“, “puxando o saco” do Exército.
A empresa tenta, agora, reparar estes danos dizendo que as pesquisas passarão a ser mensais e com um número maior de entrevistas, o que jamais justificaria cancelar o que já estava registrado e em execução.
É claro que isso funciona tanto quanto a famosa história de tirar o sofá da sala para acabar com as alegrias do casal de namorados. A profusão de pesquisas eleitorais de hoje torna impossível que se escondam as tendências eleitorais da população, ainda que não impeça que, aqui e ali, possam surgir deformações.
Há, porem, um efeito possível sobre outros contratantes de pesquisas, que passam a sofrer o temor de, por isso, serem pressionados pelo governo e pelos bolsonaristas.
Os nossos liberais são tão defensores das liberdade que censuram suas próprias pesquisas.
FERNANDO BRITO ” BLOG TIJOLAÇO” ( BRASIL)