CHARGE DE AROEIRA
Vejam a ironia desastrosa que há no empresariado brasileiro.
Começaram o dia de ontem, muito sisudos, reclamando das diretrizes do programa de Lula, porque falava em dar fim à politica do “teto de gastos” como régua da política fiscal e orçamentária, substituída pela manutenção da austeridade de forma mais flexível e programática.
Terminaram o dia em silêncio – salvo raras exceções – sem dar um pio sobre o verdadeiro bundalelê eleitoreiro apresentado pelo presidente da República para baixar o preço dos combustíveis até as eleições e favorecer, artificialmente, a si mesmo.
O que é este pacotaço de fato, que vai custar algo como R$ 40 bilhões, mais um míssil sobre o tal “teto”, hoje assemelhado a um daqueles prédios da Ucrânia que vemos na TV?
Um emenda constitucional para valer por apenas seis meses (acho que algo inédito na história das constituições) substitui o que seria a decretação do estado de calamidade, com a vantagem de evitar-se o nome “calamidade” que alguém pudesse achar uma boa descrição do estado a que foi levada a economia do país.
Um subsídio indiscriminado – que beneficia indistintamente quem abastece um velho Chevette e um caríssimo Audi – que tira dos cofres federais para repassar aos Estados uma possível zeragem do ICMS, mesmo já congelado (como está hoje) e com a alíquota reduzida a 17 ou 18%.
Uma declaração formal de que tudo (e pouco) que se obtiver com a venda da maior empresa de energia da América do Sul, a Eletrobras, será “torrado” nesta manobra que todfos sabem que não será rápida e muitos duvidam que venha a ser eficaz, pois até as pedras da calçada sabem que a alta do preço dos combustíveis deriva dos preços internacionais que o Brasil teima caninamente em manter como referência interna, mesmo que eles não cheguem a representar 30% dos custos do abastecimento interno.
Mesmo com todo o atrelamento do Legislativo e que deputados e senadores sejam pressionados pelas acusações de que a demora na tramitação da PEC maluca que se vai propor é coisa de quem “não quer baixar o preço da gasolina”, dificilmente ela será aprovada rapidamente.
Nem é esse o plano, trata-se de pressionar o Senado a referendar logo o projeto de lei que rebaixa o ICMS do diesel, sobre o qual haverá pouca ou nenhuma compensação aos Estados, o que viria (será?) quando zerassem seus impostos. É por isso que as tropas bolsonaristas estavam prontas para alavancar a pressão dobre os governadores, disparando em massa no Twitter a hashtag #ZeraOimpostoGovernador
Bolsonaro e o Centrão, tentam empurrar para dos governos estaduais a culpa da inflação e, com a cumplicidade do “mercado”, enchem de “esqueletos” o armário do próximo governo.
E daí?
FERNANDO BRITO ” BLOG TIJOLAÇO” ( BRASIL)