“para que decretar o que já vivemos dia após dia ao longo desse tempo todo?”, escreve Eric Nepomucneo
Há uma tensão crescente nos meios econômicos e políticos diante da ameaça de Jair Messias, reforçada por seus asseclas – a começar pelo senhor Ciro Nogueira, um cúmplice cada vez mais extremamente eficaz –, de impor, através de um decreto, o tal “estado de calamidade” em nosso país.
As advertências se concentram em um ponto: abrir as comportas de gastos de maneira mais deslavada ainda que o tal “orçamento secreto” seria afundar de vez o cenário do ano que vem, quando Jair Messias terá sido catapultado da cadeira presidencial e estará acaminho dos tribunais.
No meu entender, são críticas, denúncias e advertências injustas. E mais:acho que medida agora anunciada virá, se acontecer mesmo, com escandaloso atraso.
Afinal, a calamidade começou lá atrás, com o golpe institucional que destituiu Dilma Rousseff e pôs em seu lugar o larápio Michel Temer. Foi um começo nítido mas um tanto tímido da calamidade, um absurdo que poderia ser corrigido por quem entrasse em seu lugar.
Mas quem entrou em seu lugar, Jair Messias, desde o primeiro momento se esmerou ao máximo para instituir não o “estado de calamidade”, mas uma calamidade sem limites.
A inércia do Congresso e a falta de ação dos tribunais superiores permitiram que Jair Messias, o pior, mais abjeto e mais perigoso presidente da história, não fizesse outra coisa que intensificar essa calamidade, destroçando em pouco mais de três anos tudo que foi erguido em décadas.
Basta observar alguns – alguns – dados para ver como afundamos em águas barrentas e calamitosas.
Por exemplo: nunca tantas famílias brasileiras viveram o tenebroso quadro de não ter dinheiro suficiente para comprar comida, aquilo que os especialistas chamam de “insegurança alimentar”.
Com Lula (2003-2010) 20,2% das famílias brasileiras viviam nessa situação. Com Dilma (2011-2016) elas eram 20%. Com a cleptocracia de Temer ameaçando a democracia de antes, passaram a 28,4%.
E com Jair Messias, foram 31,33% até 2021.
Como este 2022 só reforça a calamidade, certamente esse número aumentará ainda mais
Outro ponto crucial: se desde o golpe de 2016 o desemprego creceu para 10% e aumentou a parcela de trabalhadores sem direitos sólidos e com renda pouca e sem estabilidade, com Jair Messias a tempestade de breu ganhou mais força.
Além de ter conseguido a façanha de superar 13% de desempregados, o governo atual adotou uma série consistente de medidas que vão desde liquidar a política de valorização do salário mínimo ao desmonte de programas destinados a assegurar segurança alimentar.
O desemprego, é verdade, baixou para pouco menos de 11%. Mas a renda dos trabalhadores diminuiu 8% em média.
Essas medidas foram iniciadas por Michel Temer, por certo, e foram mais drasticamente incentivadas e aceleradas por Jair Messias.
Assim, entre um e outro o Brasil conseguiu a inédita e bárbara façanha de ser o único país do mundo que saiu e depois voltou ao Mapa da Fome.
Outro feito glorioso do atual mandatário: de todas as vítimas das intervenções policiais em 2021, nada menos que 78,9% eram negros.
Com as polícias transformadas em máquinas de assassinar (agora até mesmo a Polícia Rodoviária entrou na roda), as chances de um negro ser morto é 2,6 vezes maior que um branco.
Não é preciso mencionar a destruição do meio ambiente, da educação, da pesquisa cientifica, das artes e da cultura, enfim, todos os outros feitos de Jair Messias para constatar que vivemos, desde o primeiro dia de 2019, em permanente e crescente calamidade.
Então, para que decretar o que já vivemos dia após dia ao longo desse tempo todo?
ERIC NEPOMUCENO ” BLOG BRASIL 247″ ( BRASIL)