Nos últimos dias, um comentarista de um desses movimentos radicais, e Ciro Gomes, pegaram parte de um comentário meu como arma de guerra.
A cada dia que passa, Ciro Gomes fica mais esperto e menos sabido. A falsa esperteza consiste em tentar levantar vantagem em tudo, ainda que a custa dos prejuízos à respeitabilidade.
Uma das formas de mentir consiste em contar apenas uma parte da verdade.
Nos últimos dias, um comentarista de um desses movimentos radicais, e Ciro Gomes, pegaram parte de um comentário meu como arma de guerra. Excluíram o restante do comentário. Contando parte da verdade, mentiram.
No comentário, eu manifestava minhas dúvidas em relação à condição de Lula de romper com os pilares básicos da financeirização, justamente porque seu governo dependerá do arco de alianças que montar. Portanto, poderia conseguir ou não.
Mas, ao mesmo tempo, mostrava a inviabilidade das alternativas que taxei de autoritárias – o programa do Ciro no meio, ao lado do plano dos militares e de grupos radicais. Se não preciso pensar em correlação de forças para viabilizar as ideias, de duas uma: ou o plano é uma quimera; ou depende de um golpe de Estado.
Mais que isso, mostrei que esse tipo de plano trabalha com a ideia da uniformidade do pensamento nacional. Não aceita manifestações identitárias, não aceita as características de uma sociedade complexa. É tudo em torno de princípios conduzidos ou por um iluminado, ou por uma corporação armada. Na essência, é um plano autoritário, de estratégia militar.
Dadas essas circunstâncias, e dado o fato de que não possui sequer elementos para ascender o poder, mostrei que a melhor alternativa seria um Lula pressionado pelos movimentos sociais, e até pelo pensamento radical, como contraposição às pressões do mercado e da financeirização. Seria um liberal-progressista mais ousado e avançando nas reformas estruturais de desmonte da financeirização.
Seria um bom mote para discutir até as propostas radicais de Ciro e as formas de implementá-las em ambiente democrático.
Mas Ciro está em outra, procurando cada vez mais substituir a sabedoria pela esperteza. Não dá para ser levado a sério.
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LUIS NASSIF ” JORNAL GGN” ( BRASIL)