A Rússia invade a Ucrânia. A invasão é utilizada para reforçar o sentimento anti-Rússia no mundo.
No Twitter, a direita critica Lula por ter declarado, em entrevista ao Time, que o presidente da Ucrânia, Volodimir Zelensky, é tão responsável pela guerra quanto o da Rússia, Vladimir Putin.
Imediatamente, tornou-se a manchete dos principais jornais e o alvo dos principais ataques. É uma declaração surpreendente, não pela lógica, mas pela oportunidade. Mostra que Lula não parece disposto a seguir a onda da mídia na campanha.
Qualquer pessoa medianamente informada saberá avaliar a responsabilidade de Zelensky – sem reduzir a responsabilidade de Putin. Em 2014, houve um golpe de Estado na Ucrânia, similar ao do impeachment de Dilma. Saiu um presidente que não se alinhava com os Estados Unidos/OTAN, entrou outro alinhado. Depois, houve um período de preparação de um candidato que representasse a antipolítica e mantivesse o alinhamento.
Desde os anos 90, havia alerta quanto aos propósitos expansionistas da OTAN. O próprio Henry Kissinger alertara sobre os riscos de isolar a Rússia. A adesão da Ucrânia à OTAN significaria colocar bombas nucleares da OTAN a 15 minutos de Moscou.
Era evidente que a manobra não seria aceita passivamente pela Rússia. Independentemente dos propósitos imperiais de Putin, é uma ameaça concreta à segurança do país, como foram para os Estados Unidos os foguetes russos instalados em Cuba.
A Rússia invade a Ucrânia. A invasão é utilizada para reforçar o sentimento anti-Rússia no mundo. EUA, OTAN, europeus, em vez de pressionar a Rússia para um acordo de paz, enviam armamentos para a Ucrânia – sabendo que se tratava de uma guerra perdida. A intenção dupla é infringir o máximo de prejuízos à Rússia e usar a tragédia da guerra como arma de propaganda. À custa da morte de ucranianos.
É esse o roteiro seguido por Zelensky, apresentado como “o heróico comediante” por analistas sem noção. Seu grande heroísmo é se apresentar em lives para palcos mundiais, enquanto soldados e população civil ucraniana morrem, assim como soldados russos. Mesmo que no final da história haja um acordo de paz que garanta a autonomia da Ucrânia e a independência de dois territórios.
Ao constatar o óbvio, e investir contra essa orquestração mundial da mídia, ainda mais em uma revista norte-americana, Lula mostra que não abdicou de sua condição de uma das vozes fundamentais na busca do bom senso mundial – ao lado do Papa.
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LUIS NASSIF ” JORNAL GGN” ( BRASIL)