Tudo isso aconteceu no Brasil do impeachment, com a população atrás de novas concepções de heróis para substituir o mundo político, devastado pela Lava Jato.
O estoque de ridículo parece inesgotável no pais. Mas nada se equipara ao advento dos “marombados”, figuras públicas que, encantadas com a visibilidade recém-conquistada, e com alguns problemas óbvios de auto-afirmação, resolveram explorar sua suposta virilidade.
O juiz Marcelo Bretas foi “hors concurs”. Diariamente aparecia nas redes sociais se fotografando na academia, encantado com a própria musculatura, imaginando ser uma exteriorização de seu poder de juiz, quando não passava da manifestação de seu cérebro.
Outro juiz, Wilson Witzel, gostava de ser fotografado em filmes de ação, empunhando armas em helicópteros, saltando dos pernilongos alados e correndo pelas pistas, como os melhores heróis hollywoodianos. Ou repetindo seu herói brasiliense, o capitão fazendo flexões em público.
Quem não se lembra da cena heroica dele, em um helicóptero, atirando em uma tenda que supostamente abrigava traficantes? Depois, descobriu-se que era apenas um local de oração. Ou em sua recomendação para que os snipers da polícia mirassem a cabecinha das pessoas, na hora de atirar.
Sua aparição mais heróica foi rasgando a placa da rua Marielle, ao lado do marombado clássico, Daniel Silveira. E sua saída de cena, sob acusação de corrupção, foi no estilo marombadinho arrependido, tentando despertar compaixão.
Ou ainda de Deltan Dallagnol, em um culto religioso, exibindo em grandes telas fotos suas, surfando, e proclamando aos fiéis: “eu surfo”, como se fosse um Homem Aranha que de noite enfrentava os maiores vilões do universo mas, nos fins de semana, era um rapaz comum.
Do marombado legítimo, Daniel Silveira, nem se fale.
Tudo isso aconteceu no Brasil do impeachment, com a população atrás de novas concepções de heróis para substituir o mundo político, devastado pela Lava Jato.
E, contemplando essa obra do alto das muralhas do seu ego, o Ministro Luis Roberto Barroso entrava em êxtase e, tal qual Moisés, esculpia nas tábuas da lei o novo iluminismo que viria salvar o Brasil.
Veja mais sobre:criminalização da política, daniel silveira, Lava Jato, Luis roberto barroso, Marcelo Bretas, marombados da república, Wilson Witzel
LUIS NASSIF ” JORNAL GGN” ( BRASIL)