Moro mostrou sua verdadeira dimensão.
Em geometria descritiva dir-se-ia a verdadeira grandeza. Pequena.
Ele patinava nas pesquisas por conta do conjunto de erros passados, que não foram poucos, e saíram das quatro linhas várias vezes, como na gravação de Dilma. Quando pediu uma desculpa encoberta, que soou resvalando para a hipocrisia.
Pairava também sobre ele, uma dúvida quanto a sua capacidade intelectual para governar o Brasil. Ela era descontada, porque diante de Bolsonaro, qualquer um se habilita.
Porém, o Brasil quer algo novo, “diferente” como disse o próprio Moro.
” Queremos fazer algo diferente, a gente não pode explorar politicamente a pobreza das pessoas com programas de auxílio ou transferência de renda”.
Moro, no afã de se diferenciar de Bolsonaro e Lula, foi juntando pelo caminho quaisquer coisas que, as contestando, para ter marca diversa.
Encontrou com a ignorância.
Muito desse tipo de crítica vem da ideia antiga, que “assistencialismo” não resolve, vem da miragem do ensinar a pescar do que fornecer o pescado. Erro crasso.
Tanto a direita como a esquerda, atualmente, concordam com a eficiência dos programas de transferência de renda com foco nos mais pobres, para diminuir a desigualdade e torná-los cidadãos de verdade, dignos. O Bolsa Família foi premiado internacionalmente. Moro não lê.
Milton Friedman, um dos papas de Chicago e do neoliberalismo concebeu o “imposto de renda negativo” e pregava a transferência de renda como uma solução. Os liberais veem na transferência uma forma de fornecer capacidade de liberdade para o indivíduo decidir sua vida. A liberdade individual é um pilar liberal.
Sociais-democratas e mesmo a esquerda mais radical concordam com a transferência como forma de agregar as pessoas que estão excluídas pela própria dinâmica do capitalismo sobre a sociedade.
Moro deu um tiro na barriga. Não creio que Pastore lhe tenha dito isso, Pastore não é burro.
Além disso, nem no seu setor Moro mostra entendimento mais amplo, pois a melhor forma de ajudar os mais pobres com MENOR corrupção é a transferência direta, evitando a máquina estatal.
Moro não fala “conje” por acaso. é ausência de cultura num sentido mais amplo. Não sei como passou no concurso de juiz.
Moro quer voltar ao Bolsa Escola de FHC, que foi bom de início, mas marcou uma vacilada tucana, que com vergonha de ser “assistencialista”, na época, inventou o “vale gás” e outros “vales”.
Lula veio, juntou tudo no Bolsa Família, robusteceu o programa financeiramente, e tomou de FHC a paternidade da iniciativa. Foi um equívoco tucano, lamentado até hoje.
Num orçamento de 1,5 trilhões , gastar 80 bilhões com a pobreza é pouco .
Particularmente, acho que deveríamos paulatinamente caminhar para um programa de Renda Básica Universal, semelhante ao estado americano do Alaska, que em 2015 distribuiu U$ 2000 para todos cidadãos, claro, mutatis mutandis.
Em todas as dimensões, Moro mostrou que a sua dimensão é exígua, pobre e insuficiente.
Moro falou sobre o que não sabe, e não estudou.
Precisa ser reavaliado, passar do professor Pastore para Escolinha do professor Raimundo, lá teria graça, aqui, dá vergonha.
JOSÉ LUIZ PORTELLA ” SITE DO UOL” ( BRASIL)