O Orçamento Geral da União é uma caixa-preta muito maior do que aparece no Orçamento Secreto e esconde todas as alocações indevidas de rubricas.
Tanto as que conferem privilégios, como as que estão tecnicamente erradas, por subestimação ou superestimação. É um jogo infernal, para ninguém compreender nada, propositalmente.
Quem manda nesse processo é o Centrão, com a colaboração do governo de plantão, que, em vez de corrigir, solicita ao Centrão para alocar as verbas de seu interesse. Geralmente elas conduzem a mais desigualdades. E o governo se curva ao Centrão.
Ou seja, ao invés de governar, o presidente é governado pelo Centrão. Todos os presidentes. O que muda é a intensidade e os desvios de alocação.
O Brasil é governado pelo Centrão, que encontrou uma forma de mandar sem ter candidato à presidência vindo de suas fileiras. Aproveita os candidatos da ocasião.
E o Brasil já se conformou, indevidamente, de que não há forma de governar sem o Centrão, e segue o cortejo de nosso desastre e desigualdade desesperadora.
O Centrão serve, também, como boa desculpa para os erros presidenciais, como uma forma de subterfúgio perene para incorreções, que ele, governo, aparece docemente constrangido. Fingimento total, que é sustentado pela sociedade. A parte da sociedade que tem força para interferir.
Alguém viu o mercado financeiro, em suas reuniões com o Poder, nos seminários e visitas à Faria Lima cobrar uma alocação correta do Centrão?
“O Arthur me ligou” de André Esteves se transforma numa intimidade de contato, onde a condução correta do Orçamento, para o bem público e diminuição das desigualdades, não comparece.
Enquanto continuarmos assim, não adianta plataforma qualquer de governo, não adiantam bravatas heroicas, nem conclamar o mercado a tremer.
Segundo outra reportagem, o Centrão domina diretamente por intermédio de seus gestores indicados 151 bilhões do Orçamento.
O presidente vetou dinheiro do Orçamento, não precisou os vetos, e, é claro, Ciro Nogueira,, aquele que mudou de opinião de Dilma para Bolsonaro, vai cuidar do manejo. Em nome do Centrão.
Os candidatos atuais não falam nisso. Tudo se passa como se ao ganharem as eleições, eles formassem automática maioria parlamentar ou dependessem de poucas alianças para chegar lá.
No Brasil do presidencialismo de coalização e do festival dos trinta e poucos partidos, que obteve aval do STF de 2006, não é assim,
Só um Orçamento Base Zero e uma reforma política podem mudar este quadro e o benefício é tanto, que precisamos tentar.
Cabe a sociedade entender essa importância, senão ela está fazendo uma discussão tão inócua como a rebeldia de Ciro.
Chega de nos enganarmos ou sermos enganados.
A questão não é corrigir as contas do Orçamento e deixá-lo nas mãos do Centrão, que vai estragá-lo de novo.
Isso, os especialistas em orçamento que aparecem na mídia não levam em conta.
A solução é refazer o Orçamento, torná-lo transparente e atualizado, com as necessidades do país. E, evitar essa forma de governar, onde quem conduz o processo é o Centrão.
É preciso priorizar as necessidades da população, e depois montar o Orçamento correto, onde essas prioridades estejam atendidas dentro de uma base orçamentária sustentável. É possível sim.
Estamos perdendo tempo em não fazer. Enquanto os mais pobres sofrem , sem que isso fosse preciso.
O Centrão não pode continuar a mandar no Brasil
JOSÉ LUIZ PORTELLA ” SITE DO UOL” ( BRASIL)