Que Moro é um ignorante contumaz, não é novidade. Sua incultura foi cevada à base de filmes policiais e séries meia-bomba.
O episódio da biografia que ele nunca leu é eloquente. Nem Pedro Bial, o puxa-saco oficial do sujeito, se conteve.
O que a campanha eleitoral faz agora é expor essa burrice exponencialmente.
Na noite de quinta, 9, o ex-ministro de Bolsonaro lançou seu novo livro no teatro de um shopping da zona sul do Rio.
Durante o papo furado com um sujeito que lhe servia de escada, resolveu citar Shakespeare.
“Corrupção existe em qualquer lugar do mundo. Até mesmo nos países mais íntegros. Até mesmo na Dinamarca. Tem até aquela frase famosa, né? Tem algo de podre no reino da Dinamarca”, falou.
“A Dinamarca é considerado (sic) um dos países mais íntegros do mundo, mas, ainda assim, há casos de corrupção pontuais”.
O discurso de Sergio Moro é mono obsessivo. Ele não consegue sair dessa arenga. Se já era farsesco em 2017, agora em 2021, depois de comprovado que ele corrompeu o sistema de justiça, fica ainda mais picareta.
A frase a que ele se refere não tem absolutamente nada a ver com corrupção.
“Há algo de podre no reino da Dinamarca” aparece logo no início de “Hamlet”.
É uma espécie de prenúncio da tragédia. Após essa cena, o príncipe passa a se comportar como um louco para evitar ser eliminado e se vingar do rei Cláudio, seu tio, assassino de seu pai e marido de sua mãe.
Não tem Japonês da Federal e nem powerpoint.
O que Moro faz com Shakespeare é diminuí-lo à sua estatura, fruto de uma estupidez demagógica. Exatamente o que ele quer fazer com o Brasil.
Ou, como diria o velho bardo em “Otário, o Moro de Veneza”: “O conje, Petrucchio, é uma besta”.
KIKO NOGUEIRA ” DIÁRIO DO CENTRO DO MUNDO” ( BRASIL)