Todos esses dados trazem uma enorme instabilidade para 2022. E a miséria e a fome continuará se espalhando por todo o país.
Há uma dinâmica perversa na inflação.
Primeiro, um choque qualquer que cria reajustes disseminados de preço. Pode ser uma quebra de safra, uma economia superaquecida. No caso atual, foi a explosão do câmbio associada às bolhas internacionais nos mercados de energia e alimentos.
No momento seguinte, há um aumento nos preços diretamente afetados pelos choques.
No caso brasileiro, houve a possibilidade de algum repasse, enquanto havia a renda emergencial. Terminando, os produtores passaram a enfrentar uma inflação de produção, com dificuldades de repassar preços.
Mesmo assim, na ponta do consumidor houve explosão de preços de carne, óleos, produtos de algodão e demais setores afetados pelos preços internacionais.
O passo seguinte é o aumento dos juros, que serve apenas para afetar a atividade econômica e a capacidade de crédito das empresas.
O próximo passo – já em curso – é o renascimento das demandas trabalhistas.
Cria-se, assim, uma espiral auto-alimentada de pressão sobre os preços, administrada pelo mais inepto Ministro da Economia da história.
O Brasil de hoje tem milhões de pessoas super-endividadas, milhões de pessoas passando fome e uma inflação que diluirá o valor da renda emergencial.
O Índice de Preços ao Produtor
Confira o IPP, levantado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), divulgado ontem.
Ele é subdividido em vários grupos.
Grupo de Atividades
São 23 atividades analisadas. 22 registraram alta em outubro de 2021. No ano, e em 12 meses, houve alta nas 23.
A atividade em queda foi inexpressiva: -2,87% para produtos farmoquímicos. Mesmo assim, em 12 meses a alta foi de 10,96%.
Já a maior alta foi a de derivados de petróleo, com 7,14% em apenas um mês. Em 12 meses, o acumulado foi de 72%.
Os gráficos mostram o acumulado em 12, 6, 3 e no mês. Em todos eles, a tendência de alta é nítida.
Por Categoria
Essa divisão pega os produtos finais, por grupos de categoria. São 5 setores, além do índice geral da Indústria.
Todos os 6 indicadores tiveram alta em outubro de 2021, com alta mais expressiva de Bens Intermediários, de 2,94%. Pressões em intermediários se refletem no momento seguido nos setores de produtos acabados.
A tabela de variação no ano e em 12 meses mostra a extraordinária pressão de custos. Essas altas não se refletem plenamente no IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Ampliado) devido ao setor de serviços, muito baseado em mão de obra, com salários comprimidos e a ampla informalidade a que o país foi jogado pelas reformas trabalhistas.
As conclusões
Todos esses dados trazem uma enorme instabilidade para 2022. O enorme desemprego existente refreará as demandas salariais. Mas as empresas, especialmente pequenas e micro, sem poder de mercado, sofrerão mais ainda. E a miséria e a fome continuará se espalhando por todo o país.
Até onde irá uma paz social garantida apenas pelos chicotes das PMs.
LUIS NASSIF ” JORNAL GGN” ( BRASIL)