Leonel Brizola, entre as palavras inusuais que costumava usar, tinha uma que, volta e meia, lançava: contubérnio.
Estranha, com uma sonoridade que impressionava, servia para deixar que o ouvinte escolhesse a acepção que se deveria dar ao termo, originariamente usado para designar o menor grupo de soldados do exército romano e que, por extensão, passou a significar “vida em comum”, intimidade e…concubinato.
Se ele estivesse ainda por aqui, tenho certeza de que chamaria de contubérnio a relação entre Sergio Moro, o ‘condenador’, e Deltan Dallagnol, o acusador, os papéis que os projetaram do anonimato para a condição de pop stars do processo que desembocaria na eleição de Jair Bolsonaro.
E teria razão.
Hoje, ainda mais, porque o site Poder360 revelou que, na caluda, não apenas Deltan Dallagnol filiou-se ao tal Podemos como o fez numa situação de contubérnio: em absoluta adesão ao ex-juiz.
Moro, recém filiado, foi indicado pelo partido a vice-presidente da legenda no Paraná, presidida pelo filho de um ex-secretário da Casa Civil do ex-governador tucano Beto Richa, Cesar Silvestri Filho. Dallagnoll, como segundo vice-presidente, consta na designação feita pela direção nacional do partido ao Tribunal Superior Eleitoral, como está na certidão acima.
Ilegal não é, uma vez que ambos têm todos os direitos de filiação partidária ao deixarem a magistratura e o Ministério Público. Mas, tendo atuado tantos anos em casos que tiveram repercussão na política e nas eleições, mostrarem que agem (e agiram) como uma “dobradinha” política.
Ou, como diria Brizola, um contubérnio.
FERNANDO BRITO ” BLOG TIJOLAÇO” ( BRASIL)