MEIGAS E CANASTROS DE MINHA INFÂNCIA

Criei-me em meio aos mitos celtas da espanholíssima Galícia. Convivi desde muito criança com os relatos sobre suas meigas, as temidas bruxas, que, como na céltica Galícia histórica, localizada na atual Polônia, realizam rituais, à base das queimadas, a aguardente ao fogo, semelhantes aos halloweens que, nas últimas décadas, se propagaram, a partir dos Estados Unidos, para todos os continentes.

Dois de meus queridos tios, Ramiro, meu padrinho de batismo, e Alejandro, definiam minha própria bisavó (e avó deles), Doña Socorro Freaza, que viveria por quase 105 anos, como uma poderosa meiga. Ela nascera, na mesma Galícia, na Província de Lugo e, depois, migrara para Pontevedra. Contavam que era vista, nas madrugadas, deslocando-se de uma vila a outra. Era a mãe de minha abuela Serafina que, por sua vez, era a mãe de meu pai.

E, também, desde cedo ouvi falar da importância dos preciosos canastros, como são chamados os espigueiros, muito conhecidos ao Norte de Portugal, sobretudo, entre os minhotos. Caracterizam a paisagem rural e recebem diferentes nomes de acordo com as localidades. São denominados cabazos na Região das Astúrias e  conhecidos como hórreos, em castelhano, no resto da Espanha, principalmente em León, Santander de Cantábria e Castilla la Vieja.

Sou filho, portanto, de pai galego, o querido e saudoso Don Albino Castro, de quem herdei nome e sobrenome, natural da bucólica Xunqueiras, freguesia de Pazos de Borbén, na Província de Pontevedra, vizinha à irrequieta cidade de Redondela, maior entroncamento provincial, e da austera Vigo, um dos portos históricos do Norte da Espanha. Ambas estão situadas a pouquíssimos quilômetros da Região do Minho.

ALBINO CASTRO ” PORTUGAL EM FOCO” ( BRASIL / PORTUGAL)

Albino Castro é jornalista e historiador

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