Numa excursão turística, a foto de Eduardo Bolsonaro fantasiado de sheik árabe ao lado da mulher e da filha em Dubai seria apenas um caso de exibicionismo de mau gosto. No contexto de uma comitiva oficial do Brasil a um evento internacional, a imagem é uma extravagância a serviço da desmoralização.
O governo decidiu enviar a Dubai 69 pessoas entre setembro e outubro. Gente de nove ministérios e da Presidência, incluindo o vice-presidente Hamilton Mourão. Numa conta preliminar, que ainda deve subir, a coisa custará ao Tesouro Nacional pelo menos R$ 3,6 milhões só em diárias.
O pretexto é o de vender oportunidades de turismo numa feira internacional de negócios. O Brasil montou em Dubai um pavilhão cujo tema é floresta amazônica. Quer dizer: a mesma floresta que o descaso governamental ajuda a destruir é usada como chamariz de turistas estrangeiros.
O mote turístico confundiu a cabeça de alguns integrantes da comitiva. Por exemplo: Fotografado numa praia, o secretário da Pesca, Jorge Seif, definiu a missão em Dubai como um “trabalho-passeio”. É “top demais”, exultou.
Eduardo Bolsonaro defendeu o tamanho da comitiva brasileira. Para ele, o gigantismo da delegação é “sinal de prestígio.” Jurou que sua presença em Dubai não é custeada com dinheiro público. Será?
O filho Zero Três do presidente voou para Dubai junto com outros deputados como representante da Frente Parlamentar Brasil-Emirados Árabes. Faria um bem a si mesmo se exibisse comprovantes de que pagou sua viagem e a de sua família do seu bolso.
Do contrário, a foto do príncipe brasileiro posando de sheik em Dubai, um dos mais conhecidos principados dos Emirados Árabes, reforçará a impressão de que Bolsonaro e sua prole implantaram no Brasil uma espécie de monarquia. Nela, reina a esculhambação.
JOSIAS DE SOUZA ” SITE DO UOL” ( BRASIL)