Mesmo sendo réu confesso de crime, Bolsonaro escancara os cofres públicos para se manter no poder. Até quando? A conferir.
Por sorte ou azar, o Brasil começou seu processo de independência quando, no final de 1815, foi elevado a reino unido com Portugal e Algarves, por decisão do príncipe regente Dom João VI, ainda no reinado de sua mãe, a rainha Maria I, apelidada de “a Louca”. Além de inspiração para bons enredos de escola de samba, a chegada da família real e sua instalação no Rio de Janeiro e Brasil afora são marcos na história do país.
Desde a antiguidade, a história mundo afora é repleta de exemplos de governantes que, justa ou injustamente, foram carimbados de malucos. Talvez o caso mais célebre no Brasil seja o de Delfim Moreira, um talentoso político mineiro que, em 1918, assumiu a presidência da República com a morte do presidente Rodrigo Alves pela gripe espanhola, a última grande peste mundial antes da Covid-19. Antes de seu nome batizar a avenida no Leblon com o o metro quadrado mais caro do país, Delfim Moreira diagnosticado com “arteriosclerose precoce” deixou seu governo ser tocado pelo ministro Afrânio de Melo Franco, que dá nome a outra importante avenida do Leblon.
Com graus variados de maluquice, como Jânio Quadros e outros, o Brasil há tempos passa perrengue com presidentes da República. Mesmo com tantos precedentes, Jair Bolsonaro consegue ser uma exceção. Fernando Collor e Dilma Rousseff sofreram impeachment por crimes específicos que lhe foram atribuídos. Se comparados à impressionante coleção de Bolsonaro parecem inflações menores — há muito mais que provas cabais de corrupção e de pedaladas fiscais no governo Bolsonaro.
Acusações de charlatanismo, ameaças à democracia, corrupção, genocídio, viraram arroz de festa. São diárias. A defesa da turma de Bolsonaro é que, mesmo contra todas as evidências, até agora não havia pelo Código Penal um incontestável batom na cueca. Até pela ótica deles, agora há. Vão ter que se rebolar para apagar sua impressão digital numa flagrante fraude documental.
Em seu depoimento na CPI da Pandemia nessa terça-feira (17), Alexandre Marques, auditor afastado do CPI, desvendou mais uma criminosa fake news palaciana. Contou que escreveu um rascunho de duas páginas, rejeitado por seus colegas de trabalho, em que levantou a hipótese de que, em busca de grana, municípios e estados em todo o país inflaram o número de mortos pela Covid. Mandou o rascunho para o e-mail do pai, o coronel da reserva do Exército Ricardo Silva Marques, nomeado pelo amigo Bolsonaro para um cargo na Petrobras. Alexandre Marques assegura que do jeito que recebeu seu pai repassou o e-mail para Bolsonaro. Tudo facilmente comprovável pela quebra do sigilo telemático.
A partir do recebimento do e-mail por Bolsonaro seguiu-se uma sequência de fraudes. Num golpe de mágica, o rascunho teve conteúdo adulterado com a inclusão de grifos e ganhou o cabeçalho de documento oficial do Tribunal de Contas da União. E assim foi anunciado por Bolsonaro no cercadinho do Palácio da Alvorada, na manhã da segunda-feira (7) de junho. “Relatório do TCU questiona 50% das mortes por Covid em 2020. O relatório saiu há alguns dias, lógico que a imprensa não vai divulgar, mas nós vamos hoje à tarde. Como é do TCU, ninguém vai me criticar por causa disso”.
Mentira tem pernas curtas. O Tribunal de Contas da União desmentiu cabalmente a versão de Bolsonaro e abriu processo por fraude contra o auditor Alexandre Marques. Com a cara de pau de sempre, Bolsonaro, em vez da prometida divulgação do tal relatório, saiu-se com essa: “Errei quando falei do TCU. A tabela não é do TCU. Foi feita por mim”.
Crime confesso e gravado em vídeo. A CPI anuncia que vai indiciar Bolsonaro por falsificação de documento oficial. É pouco. Um presidente da República, acossado por denúncias de vários crimes, ao confessar mais um, merecia logo uma punição. Mas ele tá usando e abusando dos recursos públicos para assegurar a sua impunidade e a do seu clã.
Até quando?
A conferir.
ANDREI MEIRELES ” BLOG OS DIVERGENTES” ( BRASIL)