Há Sergios Reis espalhados por toda parte, em todas as áreas. Há muito tempo enfrentamos os Sergios Reis dos nossos cotidianos, alguns efêmeros, quase todos patéticos.
Na rua onde moro, tivemos por alguns dias um Sergio Reis aparentemente assustador. Na noite da eleição de Bolsonaro, em outubro 2018, um homem passou a gritar, andando de um lado pra outro da rua, que agora os inimigos de Bolsonaro iriam ver.
O Sergio Reis da zona sul de Porto Alegre ameaçou ao vivo e analogicamente: Bolsonaro irá mandar todo mundo para a cadeia. E parou gritando na calçada, bem na frente de onde moro: “Pegaremos todos vocês”.
Eu tive esse Sergio Reis quase particular. O homem deu outros berros alguns dias depois, mas sua gritaria só irritou os cachorros da vizinhança. Seu plano era se habilitar a ser um chefe de milícia de Bolsonaro, pelo menos na quadra.
Há Sergios Reis em atividade em consultorias contratadas pelos bancos para ameaçar com golpe e evitar a volta de Lula. O Santander tem um Sergio Reis muito bem pago.
As empresas estão cheias de Sergios Reis, alguns atuando no sistema remoto e apenas nas internas. Há ameaçadores de golpe nas famílias, em grupos de Whats.
Os jornais encheram-se de Sergios Reis, que dizem de forma dissimulada o que o conselheiro terceirizado do Santander escreveu sem volteios.
No caso dos jornais, o truque é o mesmo dos bancos. Alguém de fora da corporação de mídia é pago para latir e fazer o serviço sujo. Os jornais terceirizaram a cachorrada disfarçada de jornalista.
A Folha, o Globo e o Estadão fazem isso. As redações não acolhem mais a diversidade que existiu até mesmo na ditadura.
Articulistas de extrema direita prestam serviços à distância, sem vínculos com a empresa, muitos com bons títulos acadêmicos. São Sergios Reis com doutorado.
Os Sergios Reis, nas suas mais variadas formas, não são pragas originais do bolsonarismo. Seguem o modelo dos reaças das cidades do interior que, na ditadura, saíam a avisar que eram amigos dos homens.
Na maioria das vezes não eram nada, mas viviam da fama de que eram os Sergios Reis da época. Era assim no nazismo. Foi assim na ocupação da França e no fascismo na Itália.
Os Sergios Reis são sujeitos que acionam suas vocações fascistas em busca de protagonismo como imitadores. Eles imitam Bolsonaro, o que é a mais degradante forma de imitação.
O próprio Bolsonaro não deixa de ser um Sergio Reis que, mesmo com suporte militar, não consegue ir em frente. Por isso, tem fundamento o desafio apresentado pelo senador Randolfe Rodrigues, para que Bolsonaro pare de blefar e aplique o golpe.
Bolsonaro tem de parar de ser um Sergio Reis, antes que comece a chorar e entre em depressão. Se não for um Sergio Reis, Bolsonaro deve provar que pode aplicar o golpe.
Randolfe e a torcida do Flamengo sabem que ele não tem coragem. Bolsonaro é um Sergio Reis mantido pelo blefe do golpe. Blefar no colo dos militares é o seu golpe.
MOISÉS MENDES ” BLOG BRASIL 247″ ( BRASIL)