O site Poder360, editado por Fernando Rodrigues, diz que um dos motivos para Jair Bolsonaro ter anunciado hoje que pedirá o impeachment dos ministros Alexandre de Moraes e Luiz Roberto Barroso teria sido o encontro reservado entre este e o general vice-Presidente Hamílton Mourão, ocorrido na noite em que caiu a PEC que o presidente usava como cavalo de batalha.
Diz a reportagem que Bolsonaro acredita que Mourão pode estar articulando seu impeachment.
Penso que intenções e sonhos pode haver, mesmo nos vices mais afinados com seus titulares – o que Mourão e Bolsonaro não são, definitivamente.
Mas, no caso de ambos, “camas de gato” preparadas pelo vice não ocorreriam no Judiciário, mas nas zonas de penumbra da área militar que envolve Jair Bolsonaro, na qual ele perdeu importância e influência e que está, hoje, nitidamente sob a liderança de Walter Braga Netto que, em dois anos, sucedeu em comando nestes bastidores o general Augusto Heleno, que decaiu visivelmente em presença junto ao presidente.
Netto saiu da Casa Civil sem deixar o poder político e a proximidade com Bolsonaro e assumiu, com o Ministério da Defesa, o poder militar que oferece ao presidente o comando quase que direto e pessoal o presidente queria ter sobre as tropas militares.
Mourão, que ascendeu ao lugar de vice em condições já frágeis – ele foi a terceira opção, depois de Janaína Paschoal, que não aceitou e de Luís Orleans e Bragança, que caiu em desgraça – só foi esvaziando mais seu papel no Governo, virando quase um “explicador” público das sandices de Bolsonaro.
Não tem, ao que parece, condições nem políticas nem militares de articular um impedimento presidencial: falta-lhe interlocução política e seria visto – talvez já o seja – como “traidor” pela ala militar bolsonarista.
O mais importante, para Bolsonaro é, agora, sair de uma posição de defesa, acuado pelo Judiciário, e partir para o ataque, focado no personagem mais frágil da cúpula dos poderes: o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, que ficará como alvo de suas falanges ao não aceitar – provavelmente até menos, não decidir – sobre o pedido de impeachment dos dois ministros do STF.
FERNANDO BRITO ” BLOG TIJOLAÇO” ( BRASIL)