Barros fez questão de frisar, antes, durante e depois de sua participação na CPI da Covid desta quinta-feira (10), que está completamente alinhado e protegido por Jair Bolsonaro
Jornal GGN – Está dado que as suspeitas de corrupção envolvendo diretamente Ricardo Barros e sua passagem pelo Ministério da Saúde são anteriores ao atual governo. Mas não deixa de ser curioso notar como Barros fez questão de frisar – antes, durante e depois de sua participação na CPI da Covid desta quinta-feira (10) – que está completamente alinhado e protegido por Jair Bolsonaro.
Líder do governo na Câmara, Barros é suspeito de integrar um núcleo político que loteou a Saúde e aproveitou a maior pandemia do século para dar andamento a esquemas criminosos envolvendo sobretudo a compra de vacinas.
Dentro da CPI, o deputado federal foi implicado por um colega, Luis Miranda, no Covaxingate por conta da proximidade com a empresa Precisa Medicamentos, que integra o mesmo grupo da Global – uma companhia que ganhou contrato de R$ 20 milhões na gestão de Barros na Saúde e deu um calote na entrega dos medicamentos.
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A despeito de todas as denúncias que estão surgindo, Barros ressaltou hoje que Bolsonaro não se atreveu (ainda!) a confirmar (ou mesmo negar) as declarações de Miranda. E disse que o presidente está certo em permanecer em cima do muro, sem pender para um lado ou outro. Tomou uma tunda de Omar Aziz, que afirmou que fosse ele o líder do governo, “exigiria” que Bolsonaro viesse a público desmentir Miranda. Jamais o líder extremista o fez.
Mas Barros também esfregou na cara do Brasil que tem a benção de Bolsonaro para permanecer no cargo, independente de todas as acusações e suspeitas: “Até o momento eu não tenho nada contra o Ricardo Barros, por isso não o afastei da liderança do governo. Denúncias têm que ter materialidade. Até que se prove algo, Ricardo Barros continua no governo”, teria dito Bolsonaro, parafraseado por Barros na CPI.
Mais: Barros – que contratou um advogado eleitoral de Bolsonaro, o outro Tiago Ayres, para acompanhá-lo hoje na CPI – repetiu como mantra que “o combate à corrupção está no DNA de Bolsonaro” e que ele próprio não é corrupto.
“A narrativa de corrupção no governo Bolsonaro é deles [da CPI]. O fato concreto é que não há corrupção nenhuma. O contrato [da Covaxin] sequer foi assinado”, argumentou, escoltado pela “tropa de choque” governista.
Se o selo Barros de idoneidade em gestão pública terá credibilidade ou não até o final desta investigação parlamentar, é o que se verá adiante. Por ora, fica a demonstração de uma conexão umbilical perigosa, que pode ser fatal para Bolsonaro, pois caso Barros venha a sucumbir perante a CPI, certamente puxará o tapete do chefe.
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PUBLICADO PELO ” JORNAL GGN” ( BRASIL)