RECOLHA AS SUAS FILEIRAS, GENERAL. A RESPOSTA VIRÁ DAS URNAS

CHARGE DE MIGUEL PAIVA

Em casa que falta pão, todos gritam e ninguém tem razão. Desde o retorno à democracia, oficializada com a promulgação da Constituição de 1988, houve um acordo tácito entre as fileiras militares e o poder, de que o cargo criado de ministro da Defesa deveria ser ocupado por um civil. Isto, para limpar o horizonte, engavetar o medo, a paranóia do retorno à barbárie da tutela militar. Sim, barbárie. Acostumem-se, de uma vez por todas a ouvir isto. Foi isto o que vocês praticaram no poder. Tivessem respeitado a revisão histórica e já teria, o Exército de hoje, se divorciado da imagem daquele Exército que matou, queimou e desapareceu com os “inimigos” – no dizer de vocês -, apenas porque pensavam diferente e prezavam a liberdade surrupiada do país.

Coube a Michel, o golpista, conspirador, joguete dos interesses americanos e síndico da massa falida e frustrada do PSDB, destampar o caldeirão do oficialato, para lá de dentro pescar um militar para o cargo de ministro da Defesa e reabrir essa ferida que não cicatriza, porque nela não foi feita a devida assepsia. Vesgos, os generais comandantes insistem em que o lixo deve permanecer embaixo do tapete. Preferem que os esqueletos caiam do armário em suas cabeças a cada turbulência política, a reconhecer – mesmo que os culpados não sejam punidos, este não era o propósito da Comissão da Verdade – os erros do passado. Insistem, ainda hoje, na fake news de que havia uma ameaça “comunista”, o que quer que entendam sobre isto.

Sim, Michel. Você não merece figurar na galeria de ex-presidentes, porque não foi um. Você foi um “OB”, um tampão – parodiando o príncipe Charles -, que nos trouxe a este estado de coisas. Devemos a você esta distorção trazida à cena novamente. Esse ir e vir de ondas de ansiedade em torno de uma ameaça constante de coturnos que tiram e colocam o pé no nosso pescoço.

Desta vez, porém, com a sociedade ligada em redes sociais, houve uma politização além do que vocês queriam. Todos sabem e acompanham alertas a chantagem vinda de lá. É chantagem apenas. Não acreditamos nas ameaças do general Braga Neto, simplesmente porque confiamos nas instituições e no poder delas e nosso de impedir tal aventura. Ainda que tenhamos um presidente da Câmara titubeante, que ouve, teme, treme, e depois desmente. 

Pouco importa que desminta. Ele desmente, mas há data, há detalhes, há repórteres que, se acredita, confiáveis, na descrição desta ameaça. Há uma conversa reportada entre ele, (Arthur Lira) e Bolsonaro, que nos leva a acreditar que, sim, a frase foi dita. Repito: dita. É uma frase, apenas, general. Uma frase. Uma ameaça que se quer vã. O país não comporta mais um golpe à república bananeira. Suas notas são como tiques de caixa, que se joga na bolsa e dali, amarfanhadas, vão para o lixo.  De preferência, o lixo da história.

Não é medo o que nos move a acreditar que a ameaça foi feita. Ela não é factível no Brasil de agora. É a riqueza da descrição. Não estamos convencidos da retirada da revelação do presidente da Câmara, que em vez de ir para a tribuna esbravejar contra a sua prepotência, se encolhe, se esconde sob ela, de onde deveria liderar uma repulsa nacional a tanta chantagem. Palavras são como flechas, general. Depois de disparadas, não há como segurá-las. O que foi dito foi dito, mas o dito não está feito. Recolha os seus canhões. Guarde os seus fuzis. Onde desfilariam as suas fileiras, vai passar o cordão dos que acreditam que podem fazer um país melhor do que o que nos oferece o governo que o senhor serve. O futuro saberá delinear a sua biografia. Digitais ou coisa que o valha, as urnas lhe devolverão o desaforo de nos manter sob ameaça.

DENISE ASSIS ” BLOG BRASIL 247″ ( BRASIL)

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