Reportagem de Guilherme Mazieiro, Rafael Moro Martins e Tatiana Dias, no The Intercept Brasil. levanta a suspeita de outro superfaturamento em contratos de compra de vacinas, desta vez no acordo para a compra de 10 milhões de doses do imunizante russo Sputnik V, pelas quais se prometeu pagar US$ 11,95 por unidade, dois dólares a mais que o preço estabelecido na compra pelo consórcio de governos estaduais do Nordeste, que fixa o valor em US$ 9.95.
As diferenças apontadas nas operações, como custos de transporte, segundo levantamento do site, estão longe de explicar a diferença. Pelo contrato, a União Química, de propriedade do ex-candidato a senador Fernando Marques – que disputou um cadeira pelo Distrito Federal no Solidariedade, de Paulinho da Força e que tem o ex-deputado e governador do DF Rogério Rosso. como diretor – ganhará uma comissão de 5% em cada dose.
No final de todas as despesas, diz o The Intercept, o ganho fica US$ 1,32 mais caro por dose, ou R$ 7 na cotação de hoje. Limpos, depois dos custos, R$ 70 milhões.
O contrato para a compra de 10 milhões de doses da Sputnik V por R$ 693,6 milhões foi assinado entre o então diretor de logística do Ministério da Saúde, Roberto Dias, e a União Química em 12 de março. Naquela sexta-feira, o general da ativa do Exército Eduardo Pazuello ainda comandava a pasta – na segunda-feira seguinte, Marcelo Queiroga seria anunciado no cargo. Feito o câmbio de dólar para real, o negócio sairá R$ 120 milhões mais caro do que se o governo tivesse imitado os estados, que trataram diretamente com a empresa russa que representa o Instituto Gamaleya, desenvolvedor da Sputnik.
O Intercept publica o original do contrato, assinado eletronicamente por Roberto Ferreira Dias e pelo tenente-coronel Marcelo Batista Costa.
FERNANDO BRITO ” BLOG TIJOLAÇO” ( BRASIL)