O CAMINHO DA CPI É SEGUIR O RASTRO DA CORRUPÇÃO NA TRAGÉDIA DA PANDEMIA

CHARGE DE NANDO MOTTA

Cai aí o último pilar da narrativa de que no governo Bolsonaro não há corrupção. E é da grossa.

Procuradora Luciana Loureiro – Foto Roque Sá

A procuradora da Republica Luciana Loureiro puxou o fio de um grande novelo. Ela descobriu que, no meio de todo seu negacionismo, o governo Bolsonaro apostou forte na compra das vacinas Covaxin de um laboratório indiano. O que ela apurou abriu uma avenida para a CPI da Covid investigar um grande esquema de corrupção na gestão Bolsonaro. O buraco pode ser ainda maior, se confirmadas outras apurações em curso no Ministério Público.

Senadores Randolfe Rodrigues, Renan Calheiros e Omar Aziz – Foto Orlando Brito

De acordo com procuradores de olho nessa meada, a negociação da Covaxin traz à tona escândalos passados alguns com os mesmos personagens. O empresário Francisco Maximiano, o Max, é destaque nesse enredo. Pelo menos no papel, ele é o principal dono da Precisa Medicamentos da Global Saúde, empresas envolvidas em uma penca de investigações do ministério público.

Vaccari depondo na CPI das ONGs em 2010 – Foto Orlando Brito

Pode abrir a caixa preta do PP – hoje o principal aliado do governo Bolsonaro -no Ministério da Saúde desde, pelo menos, o governo Dilma Rousseff. Segundo investigadores, o tal Max chegou ao Ministério da Saúde apadrinhado por João Vaccari, à época poderoso tesoureiro do PT. A troca de guarda no Ministério da Saúde com Michel Temer assumindo em nada buliu. Ricardo Barros, ministro indicado pelo PP, manteve lá a herança petista. Anos atrás escrevi aqui sobre isso.

Enquanto o PP retribuía favores recebidos do pessoal do PT e nomeava para cargos bem remunerados o ex-governador de Brasília Agnelo Queiroz e seu secretário da Saúde Rafael Barbosa, ambos flagrados em escândalos de corrupção, o tal Max e seus parceiros continuaram a flanar pelo Ministério da Saúde.

Deputado Ricardo Barros na rampa do Planalto – Foto Orlando Brito

Em 2017, durante o governo Temer, o tal Max pediu ao Ministério da Saúde para liberar antecipadamente o pagamento pela entrega futura de uma medicamento no valor de R$ 19 milhões. Os órgãos de controle do Ministério e da AGU entenderam como uma maluquice. Mais do que ignorados, seus pareceres motivaram represálias. Dois dias depois de dar seu parecer, o funcionário encarregado dessa tarefa no Ministério da Saúde foi simplesmente exonerado. Em depoimento ao Ministério Público, ele relatou ter sido pressionado por Ricardo Barros para a liberar aquela autorização irregular.

Mesmo assim, o medicamento foi comprado, pago, e não entregue. Por obrigação legal, o Ministério da Saúde cobra na Justiça a devolução de seu prejuízo. Em meio a esse imblóglio, o tal Max continuou reinando em Brasília. No Distrito Federal, pela venda de testes rápidos da Covid-19 que até agora só resultou na queda do secretário de Saúde.

Sua maior peripécia foi vender ao governo Bolsonaro, refratário a vacinas, por mil por cento acima do preço antes oferecido, a Covaxin, antes do término do seus testes finais e sem o aval da Anvisa. Tem um monte de suspeitas nesse negócio. O que me dizem investigadores, é que se a CPI for fundo nessa e em outras histórias entrelaçadas pode expor mais outro mega escândalo  no país. Desta vez no coração do governo Bolsonaro

A conferir.

ANDREI MEIRELES ” BLOG OS DIVERGENTES” ( BRASIL)

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