CHARGE DE NANDO MOTTA
Se você é daqueles que acreditam que a Copa América é importante competição nesse momento da Pandemia, é porque você tem um sentimento egoísta e compartilha das decisões do Governo Federal. O Governo aposta que ter a competição no Brasil pode atrair negócios e levar alegria ao povo. Bolsonaro aposta na “aquela corrente pra frente/Parece que todo o Brasil deu a mão/Todos ligados na mesma emoção/Tudo é um só coração.” Só que o Brasil não pode dar a mão nesse momento, mesmo com álcool gel. Devemos relembrar do período de ditadura militar, da qual o nosso presidente tem saudades de um período de torturas e repressão, o governo Médici usou a propaganda do futebol como política. Era sempre retratado como apaixonado por futebol, assim como faz Bolsonaro com várias camisas de times em lives e quando podia ir aos estádios.
Se você é daqueles que querem acreditar que a Copa América é importante competição nesse momento de Pandemia, é porque são contraditórios e compartilha das decisões do Governo Federal somente quando interessa aos seus desejos. O discurso daqueles que se diziam contrários a realização da Copa do Mundo no Brasil em 2014 – sem pandemia – , com discurso que precisamos de mais hospitais, agora é a favor de uma Copa América também no Brasil, em uma pandemia mortal que matou quase meio milhão de vidas brasileiras. As discussões nunca passam pela ciência ou debates, mas passam pelo discurso de Seita e Alodoxia. As contradições afirmativas do presidente e que depois são desmentidas pelo mesmo, não incomodam seu público, que ignora os feitos dele. Apenas se identificam com algum ou todos os discursos de ódio que ele apresenta. Esse é o verdadeiro vírus.
Se você é daqueles que precisam acreditar que a Copa América é importante competição nesse momento de Pandemia, é porque não ouve a história e corre atrás de alguma notícia em whatsapp que corroborem seu desejo de apoiar o presidente. A mais de 100 anos, no fim de maio de 1919, a Seleção Brasileira ganhou o Campeonato Sul-Americano, que era a Copa América. Ela estava programada para o ano anterior, ano da Gripe Espanhola, mas foi adiada pela óbvia razão da crise sanitária. Mas temos uma CBF fã de Flávio Bolsonaro e que articula com a maior velocidade junto ao presidente que a competição seja feita no Brasil, com quase 500 mil mortos. A mesma velocidade para aprovar a competição no país, poderia ter sido usada para compra de vacinas. Bolsonaro representa mais que um século de atraso!
Se você é daqueles que está tentando acreditar que a Copa América é importante competição nesse momento de Pandemia, é porque ama o futebol, mas não se importa com o número de infectados e o que pode trazer de prejuízos para a população à vinda de jogadores e comissão técnica ao Brasil. Não basta o Brasil dar origem a novas cepas, queremos importar todas as existentes. Já temos a experiência dos times com problemas de infecção, tendo que ter atacantes no lugar de goleiro e imaginando que convidados, comissão técnica, todos estarão contaminando em hotéis, bares, lojas e tudo mais que tiver na gente. A única bola que irá rolar com certeza é o COVID.
Se você é daqueles que precisa acreditar que a Copa América é importante competição nesse momento de Pandemia, é porque pensa que é tudo permitido, basta apoiar o governo. Enquanto no governo Dilma, suaram para achar um problema para provocarem o impeachment, tendo que colocá-la em uma armadilha para isso, este governo tem uma coleção de crimes lesa pátria. Basta escolher um. Depois de mais de 100 pedidos de impeachment, tudo que vemos é uma blindagem que permite que o presidente vá contra tudo e todos para fazer o que bem entende, sem que haja uma intervenção. O famoso: Eu posso, você não.
Mas se você é daqueles que tentam acreditar que a Copa América é importante competição nesse momento de Pandemia, tenho um negócio para lhe propor: Não acredite em mais nada.
ANDRÉ BARROSO ” BLOG BRASIL 247″ ( BRASIL)
Artista plástico da escola de Belas Artes da UFRJ com curso de pós-graduação em Educação e patrimônio cultural e artístico pela UNB. Trabalhou nos jornais O Fluminense, Diário da tarde (MG), Jornal do Sol (BA), O Dia, Jornal do Brasil, Extra e Diário Lance; além do semanário pasquim e colaboração com a Folha de São Paulo e Correio Braziliense.