Não se pode dizer que o general Eduardo Pazuello é o Ministro mais sem noção da história brasileira contemporânea, porque o período já produziu Ricardo Salles, Abraham Weintraub e outras jóias da irracionalidade.
É difícil para um ser racional entender a lógica bolsonariana encampada por Pazuello. Vou tentar explicar.
Nas discussões de rua, ou em programas populares, ou em recintos fechados, a retórica bolsonarista consiste em afirmações taxativas, sofismas, que não possam ser questionadas na hora. O próprio Bolsonaro é exemplo claro desse jogo em suas lives de 5a ou na saída do Palácio. É um jogo que não comporta questionamento. Prova disso são as explosões de raiva estudada de Bolsonaro quando algum repórter ousa questionar alguma afirmação sua.
Ensinaram direitinho a Pazuello a arte de mentir em 10 lições e lhe ordenaram: vá lá e acabe com aquela CPI. Para garantir, conseguiram um salvo conduto do Supremo Tribunal Federal para não se incriminar. Dupla esperteza!
E Pazuello, o esperto, foi. Nosso Schopenhauer fardado produziu 15 mentiras toscas, que viraram o tema mais saboroso da mídia no dia seguinte. Levantou 15 bolas para o relator Renan Calheiros cortar. Não apenas permitiu as maiores manifestações de indignação autêntica dos senadores, como se incriminou de cabo a rabo. Comportou-se da maneira como, no interior, é definido o “malandro sofredor” – o falso esperto que só se ferra com as próprias espertezas.
Ajudou a desmoralizar um pouco mais as Forças Armadas e corre o risco concreto de ser mais uma vez convocado para a CPI, E, desta vez, sem salvo-conduto para mentir.
LUIS NASSIF ” JORNAL GGN” ( BRASIL)