CHARGE DE JBOSCO
Jair Bolsonaro teve hoje cedo mais um de seus chiliques diários, dizendo para os que não acreditam na cloroquina – mais ou menos o mundo inteiro – não tomem e “não encham o saco”.
Depois de uma temporada “Jairzinho Paz e Amor”, no final do ano passado e no início deste, para consolidar seu acordo com o “Centrão” e assegurar o controle sobre o Congresso, o presidente voltou a açular seus cães de guerra e reassume, ele próprio a liderança da matilha.
Que não lhe faltam estupidez e desejos antidemocráticos para isso, ninguém duvida.
Mais importante, porém, é refletir sobre aquilo que o está levando a uma postura semelhante à de 2018, embora num quadro político em tudo diferente daquele.
Jair Bolsonaro não tem ilusões de que vá conseguir apoio entre as forças políticas da direita convencional, mas considera essencial manter a fidelidade canina do pensamento medíocre e simplório dos que acreditam em qualquer bobagem milagrosa a que apele.
Contra a Covid, cloroquina; contra a violência, “CPFs cancelados” e armas a granel; contra a crise econômica, o desregramento total da economia e das garantias do trabalho. O sucesso, o progresso e o bem-estar vêm da falta de regras, não de políticas públicas.
Trata-os como merecedores de um igual “não encha o saco”, já que o “vai pra Cuba” perdeu o impacto.
E a razão disso é que conta ser capaz de vencer as eleições – ou chegar perto disso, alegar fraude e apelar para uma solução de força – mesmo com o seu apoio reduzido, oscilando entre um terço e um quarto da população, porque uma parcela da classe média ainda votaria no “cão” para não votar em Lula, abrigada sob o argumento da corrupção que alguns tantos taturanas, mesmo depois das decisões que tornaram Lula inocente, brandem estridentemente.
Tanto é assim que seguem procurando derivativos eleitorais que não surgiram e não vão surgir, porque os partidos políticos foram destruídos na sanha da demolição do petismo.
Tudo isso resultaria, em condições normais, em uma espera de ano e meio até as eleições que, no quadro de hoje, teriam o resultado previsível de uma vitória de Lula.
Mas não é assim, infelizmente.
Neste país que perdeu seus amortecedores políticos, cada crise traz o risco de um desfecho fora das regras da democracia. A distância que nos separa de uma tentativa de golpe por Bolsonaro ou de seu impedimento e a queda do país num quadro de ingovernabilidade não só é pequena quanto não tem os obstáculos morais que tornem um passo destes uma decisão extraordinária, onde a razão a desestimule.
Um presidente moralmente microscópico, mas que urra e berra como um gigante, transforma a política, necessariamente, em coisa miúda, numa guerra de tortas de lama, porque é o único cenário onde ele pode levar vantagem.
Mas só se estiver mesmo nos ombros de um Exército que não se envergonhe de sair enlameado desta era de baixarias em que vive o Brasil.
Jair Bolsonaro teve hoje cedo mais um de seus chiliques diários, dizendo para os que não acreditam na cloroquina – mais ou menos o mundo inteiro – não tomem e “não encham o saco”.
Depois de uma temporada “Jairzinho Paz e Amor”, no final do ano passado e no início deste, para consolidar seu acordo com o “Centrão” e assegurar o controle sobre o Congresso, o presidente voltou a açular seus cães de guerra e reassume, ele próprio a liderança da matilha.
Que não lhe faltam estupidez e desejos antidemocráticos para isso, ninguém duvida.
Mais importante, porém, é refletir sobre aquilo que o está levando a uma postura semelhante à de 2018, embora num quadro político em tudo diferente daquele.
Jair Bolsonaro não tem ilusões de que vá conseguir apoio entre as forças políticas da direita convencional, mas considera essencial manter a fidelidade canina do pensamento medíocre e simplório dos que acreditam em qualquer bobagem milagrosa a que apele.
Contra a Covid, cloroquina; contra a violência, “CPFs cancelados” e armas a granel; contra a crise econômica, o desregramento total da economia e das garantias do trabalho. O sucesso, o progresso e o bem-estar vêm da falta de regras, não de políticas públicas.
Trata-os como merecedores de um igual “não encha o saco”, já que o “vai pra Cuba” perdeu o impacto.
E a razão disso é que conta ser capaz de vencer as eleições – ou chegar perto disso, alegar fraude e apelar para uma solução de força – mesmo com o seu apoio reduzido, oscilando entre um terço e um quarto da população, porque uma parcela da classe média ainda votaria no “cão” para não votar em Lula, abrigada sob o argumento da corrupção que alguns tantos taturanas, mesmo depois das decisões que tornaram Lula inocente, brandem estridentemente.
Tanto é assim que seguem procurando derivativos eleitorais que não surgiram e não vão surgir, porque os partidos políticos foram destruídos na sanha da demolição do petismo.
Tudo isso resultaria, em condições normais, em uma espera de ano e meio até as eleições que, no quadro de hoje, teriam o resultado previsível de uma vitória de Lula.
Mas não é assim, infelizmente.
Neste país que perdeu seus amortecedores políticos, cada crise traz o risco de um desfecho fora das regras da democracia. A distância que nos separa de uma tentativa de golpe por Bolsonaro ou de seu impedimento e a queda do país num quadro de ingovernabilidade não só é pequena quanto não tem os obstáculos morais que tornem um passo destes uma decisão extraordinária, onde a razão a desestimule.
Um presidente moralmente microscópico, mas que urra e berra como um gigante, transforma a política, necessariamente, em coisa miúda, numa guerra de tortas de lama, porque é o único cenário onde ele pode levar vantagem.
Mas só se estiver mesmo nos ombros de um Exército que não se envergonhe de sair enlameado desta era de baixarias em que vive o Brasil.
FERNANDO BRITO ” BLOG TIJOLAÇO” ( BRASIL)