CHARGE DE NANDO MOTTA
Já se sabe que a distância entre Jair Messias e a realidade alcançou uma dimensão assombrosa. Aliás, convém recordar as relações entre os dois – Jair Messias e a realidade – sempre foram péssimas. E agora parecem estar chegando a um ponto de ruptura sem volta.
Acuado, tornou a ouvir piamente os conselhos e as determinações do mais desvairado de seus quatro filhos, o vereador no Rio de Janeiro Carlos Bolsonaro. Que, aliás, aparece muito mais no Palácio do Planalto que na Câmara de Vereadores – que assegura o seu salário e um sem-fim de penduricalhos – para aconselhar o pai desequilibrado e dar mais e mais mostras de falta de noção e de qualquer vestígio de controle.
A estas alturas, várias características se consolidaram de maneira clara, de uma claridade luminosa.
O quarteto de filhos presidenciais, por exemplo, cada um com sua marca pessoal, e sua participação nos movimentos do pai.
O mais sereno, ao menos nas aparências, é o mais velho, o senador Flávio. Além de suas assombrosas qualidades na hora de administrar dinheiro, por exemplo, em especial dinheiro público, é um conspirador de bastidores. Além de, em seus tempos de deputado estadual no Rio, concentrar esforços para estruturar o esquema de “rachadinha”, uma vez eleito senador aprimorou sua arte de conspirar e barganhar.
O mais delirante – e por isso mesmo o mais perigoso – é o segundo, o vereador Carlos. E é justamente quem mais poder exerce sobre o pai no aspecto de se comunicar com o exército de seguidores mais fiéis e fanáticos.
Aí vem o terceiro, o deputado federal Eduardo, que seria apenas patético se não fosse filho do presidente, o que faz com que suas opiniões bizarras ganhem peso específico e, portanto, podem causar – e causam – consequentes altamente negativas para o país.
O quarto, Renan, está apenas em começo de carreira, treinando e mostrando, nesse treino, qualidades concretas na arte de alcançar altos benefícios graças a uma única qualidade: ser filho de quem é.
Pois é nesse quinteto que se concentra, acima de tudo e de todos, o poder em nosso país. Ao redor dele giram os cúmplices, tanto os fardados como os empijamados e os civis.
E o eixo do quinteto, o presidente Jair Messias, continua livre e solto, embora pesadíssimo, tornando suas relações com a realidade cada vez mais distantes e esgarçadas. A consequência de suas atitudes, declarações, iniciativas e ações se traduzem no panorama trágico que vivemos: um meticuloso genocídio.
E também expõem, de maneira decisiva, a inércia de um enorme bando de poltrões distribuídos entre a Câmara de Deputados, que nada fazem para que seu presidente, Artur Lira, tire um, e apenas um, dos mais de uma centena de pedidos de abertura de impeachment que dormem debaixo de seu traseiro. Inércia covarde, inadmissível, e que conta ainda com a omissão de outros poltrões assentados na corte suprema de Justiça deste pobre país.
Aliás e a propósito, Jair Messias deveria é defender as medidas de isolamento social, em vez de combater cada uma delas dia e noite. Pois é graças a essas medidas que as ruas não ficam lotadas exigindo seu expurgo. Da mesma forma, ele é ingrato ao atacar frontalmente os mesmos grandes conglomerados de comunicação que foram essenciais para que ele chegasse onde chegou. E também ao atacar o ex juizeco manipulador e desonesto que saiu dos confins da República de Curitiba para o ocaso.
O que acontece no Brasil é de pasmar qualquer um. É trágico, é tenebroso. E parece não ter fim.
ERIC NEPOMUCENO ” BLOG BRASIL 247″ ( BRASIL)