Já chegando ao fim, o depoimento do ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta deu mais indícios e várias provas das trágicas deformações a que Jair Bolsonaro levou o combate à pandemia, embora todos já soubéssemos disso.
Uma suspeita, porém, agora fica clara e será, certamente, uma das linhas de investigação da CPI: a existência de um comando paralelo na Saúde, dirigindo as palavras, atos e o comportamento do presidente da República no enfrentamento da Covid 19.
Em quase todos os relatos que fez, Mandetta acusa a presença de pessoas que – fora da estrutura de Governo ou em outras, de fora da área de saúde – compunham uma espécie de ministério paralelo, que o assessorava e ajudava e moldava a sua atitudee o seu discurso sobre a crise sanitária.
O papel apócrifo posto sobre a mesa – provavelmente o mesmo exibido ao sucessor de Mandetta – pretendendo dar chancela formal à prescrição de cloroquina e sustentando a negação, a presença do vereador Carlos Bolsonaro, o grupo de médicos que informalmente participava de reuniões das quais estava ausente o Ministério da Saúde.
Tudo no seu depoimento comprova que a suposta validação da cloroquina veio deste grupo “fantasma”.
Esta estrutura sobreviveu a Mandetta, atropelou Nélson Teich em sua curta passagem como ministro e, aparentemente, viveu em simbiose com Eduardo Pazuello, que obedecia, sem questionamentos, às determinações do seu chefe.
E, portanto, tem toda a possibilidade de continuar existindo no gestão “equilibrista” de Marcelo Queiroga, que tergiversa sistematicamente sobre o charlatanismo de medicamentos inúteis e protocolos de isolamento social.
A formação de uma espécie de “milícia médico-epidemiológica” a interferir decisivamente na condução das ações de saúde pública está claramente desenhada pelo depoimento de Mandetta.
Senão todos, alguns integrantes deste grupo vão ser chamados a prestar conta dos seus papéis.
FERNANDO BRITO ” BLOG TIJOLAÇO” ( BRASIL)