A imprensa corporativa no Brasil é controlada por famílias. Ou expresso de outra forma: a opinião publicada reflete os interesses de famílias da elite, por isso o jornalista Mino Carta apelidou os grandes jornais de mídia da Casa Grande .
Os Marinhos, do Rio de Janeiro, editam os jornais ” O Globo”, ” Valor Econômico” e ” Extra”. Os Frias, de São Paulo, publicam a “Folha de S.Paulo” e o ” Agora”.
Há outras publicações familiares relevantes no Rio Grande do Sul ( Zero Hora) e em Minas Gerais ( O Estado de Minas), sem influência nacional.
Os Mesquitas fundaram e editaram por muitos anos o ” Estado de S.Paulo” e o “Jornal da Tarde'”, sendo que o último deixou de circular em 2012.
Fundado por um grupo de republicanos em 1875 sob o nome de “Província de São Paulo”, transformou-se em ” Estado de S.Paulo” sob o comando da Rangel Pestana, depois sucedido por Júlio de Mesquita Filho.
Alcançou prestígio nacional, grandes tiragens e influência política depois de 1932.
Nos anos 50, sob a direção de Júlio de Mesquita Filho houve a influência de jornalistas europeus fugidos dos destroços da Segunda Guerra Mundial, entre os quais podemos destacar Giannino Carta, pai do jornalista Mino Carta, a publicação alcançou o patamar de o mais importante veículo conservador independente do Brasil.
Com a morte de Júlio de Mesquita Filho, seus filhos Júlio de Mesquita Neto e Ruy Mesquita passaram a comandar a operação jornalistica e mantiveram o prestígio e a influência da família no cenário nacional.
A contração do jornalista de esquerda Cláudio Abramo promove uma revolução editorial significativa.
De um jornal que privilegiava o noticiário internacional e literário, a publicação se transforma em um veículo plural, sem desprezar o noticiário internacional, dando destaque a notícias do Brasil, das cidades e incorporando a participação de nomes de prestígio do universo do conhecimento.
Essa receita editorial fez do ” O Estado de S.Paulo” o jornal que os governos temiam.
O jornalista e cientista político Oliveiros Ferreira sucedeu a Cláudio Abramo, mantendo intocável o projeto editorial.
Com as morte de Oliveiros e de Ruy Mesquita, o jornal enfrentou turbulências financeiras e terminou nas mãos de empresários que só entendem de finanças e mercado.
E o jornal deixou de ser temido pelos governos e tenta manter a duras penas seus leitores de direita.
Um fim triste para uma publicação de tanta importância na história do Brasil.
PS: segundo texto de uma série sobre a imprensa brasileira contemporânea
PATRÍCIO BENTES ” ALLTV” ( BRASIL)
Patrício Bentes é jornalista e sociólogo