O acordo anunciado ontem entre a Globo e Google (veja aqui) traz evidências sobre a dominação tecnológica das Big Techs americanas no ocidente. A Globo vai de tubarão nacional a sardinha global da gigante de tecnologia.
Um caso clássico da dependência revisitada com a Globo deixando só de apanhar da Google, perdendo receitas e aumentando despesas e dando murro em água e passa a aceitar a dominação da Big Tech, Google, a mesma que controla o poderoso YouTube.
É a Globo se submetendo às veias abertas da América Latina do saudoso Eduardo Galeano. Que nessa fase da dominação digital depende do que eu chamo da “plataforma-raiz”, no caso, o trilionário Google, a que todos setores econômicos, corporações e indivíduos, acabam se submetendo.
Google, contra a qual a Globo lutava até ontem, sem resultado. A Big Tech hegemônica das buscas na internet, dos vídeos on-demand do YouTube e das clouds, as estranhas nuvens que não estão no ar e sim, no território, onde a gigante de tecnologia desossa os nossos dados já extraídos, para ganhar valor nos negócios tocados pela máquina trituradora de algoritmos sob o comando da Inteligência Artificial (IA).
Isso que a Globo anunciou não é parceria é contrato de dependência e extrativismo de dados. Colonialismo digital. Esse contrato mira garantir a dominação do espectro nacional que estava se diluindo.
Na essência, o velho acordo do hipercapitalismo de laços entre o gigante do império e a elite econômica nacional de outrora. Neocolonialismo digital que ao invés de entregar o pau brasil e o ouro, entregam ao império os nossos dados.
O contrato garante ao império digital global, o controle dos nossos mercados no varejo e a manipulação política no controle sobre o Estado nacional. Não se enganem essa “parceria” é o acordo Time Life revisitado seis décadas depois e mira também limitar e podar aquilo que se chama de mídia alternativa aqui nos trópicos.
Os acertos da Globo com a Google Cloud é só o começo, mas já levará para longe, algumas centenas de empregos de gente qualificada na área de tecnologia da informação. Colonialismo digital na veia. Sim, há quem não queira enxergar o que está em curso. Entregar comida ao tubarão, desde que este deixe as migalhas para a elite econômica nacional.
Não há progresso nisso. Há mais submissão. Trata-se de etapas predatórias do esgarçamento do capitalismo contemporâneo. Como temos insistido, ele possui base tecnológica-digital que já exerce a dominação global sob o controle das Big Techs e do Deep State dos EUA, onde se encontra com a hegemonia financeira de Wall Street do mercado de capitais e dos grandes fundos financeiros globais.
Os Marinhos? Há mais de meio século o acordo já erra esse. Aceitar ser cabeça de sardinha, desde que com poder de manipular os mercados e o controle da política (Estado) no Brasil. Essa nova etapa da dominação da tecnologia apenas atualizou o acordo. Agora com um novo agente: a Big Tech, Google.
ROBERTO MORAES ” BLOG BRASIL 247″ ( BRASIL)
Engenheiro e professor titular “sênior” do IFF (ex-CEFET-Campos, RJ)