LIRA JÁ TEM NA GAVETA MAIS DE CEM PEDIDOS DE IMPEACHEMENT, MAS NÃO ASSINA NENHUM

CHARGE DE DUKE

Motivos não faltam para que o Congresso abra processo contra Bolsonaro por crime de responsabilidade, mas os parlamentares estão gostando de ter um pato manco no poder

A gaveta do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, está abarrotada de pedidos de impeachment contra o presidente Jair Bolsonaro. Alguns herdados do seu antecessor, Rodrigo Maia. São mais de 100 e motivos não faltam. Vão desde a participação nas manifestações antidemocráticas no inicio do ano passado, até a condução da pandemia, que já matou quase 340 mil pessoas no País.Publicidade

Somente no início deste mês foram protocolados 30 novos requerimentos de afastamento do presidente. E o próximo já começa a ser formatado. Uma comissão formada por juristas, criada a pedido da OAB para apurar a conduta de Bolsonaro na pandemia, apresentou relatório recomendando o impeachment por crime de responsabilidade.
O requerimento ainda não foi protocolado, mas certamente será bem formulado e fartamente documentado. Em relação ao coronavírus, inclusive, já existem outros pedidos. Um deles foi apresentado pela Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab), a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), o Conselho Terena, e a Grande Assembleia do Povo Guarani (Aty Guasu).

No requerimento, as organizações alegam que as ações e omissões do governo federal estão provocando o genocídio dos povos indígenas, o que pode levar ao extermínio de algumas etnias. Esse assunto já fundamentou uma denuncia contra Bolsonaro na Corte Internacional Penal.

Braga Netto, novo ministro da defesa apresenta os novos comandantes militares: o almirante Almir Garnier, o general Paulo Sérgio e o brigadeiro Carlos Bapstista

A crise provocada pela demissão do ministro da Defesa e dos comandantes da Marinha, Exército e Aeronáutica foi outra justificativa usada para mais um pedido de afastamento de Bolsonaro do cargo. Quem assinou foram os líderes da oposição na Câmara e no Senado.
Os parlamentares alegam que houve por parte do presidente uma “clara tentativa de usar as Forças Armadas para promover seu projeto autoritário de poder”. De acordo com o requerimento, isso configura crime de responsabilidade.

Existem outros argumentos que podem ser levados à mesa de discussão como o uso da Abin na defesa do filho Flávio Bolsonaro, enrolado nas rachadinhas; a ameaça de suspender os recursos para os governadores que decretaram lockdown; o ataque às instituições democráticas, enfim, um rosário de crimes de responsabilidade.

A questão é que o impeachment é um processo político e não há, entre os principais líderes do Congresso atualmente, a mínima disposição para afastar Bolsonaro do poder. Não apenas porque ele ainda detém o apoio de cerca de 30% da população, mas por sua dependência cada vez maior do Legislativo para sobreviver.

São muitas as manifestações a pedir o impeachment de Bolsonaro – foto Orlando Brito

Os parlamentares sabem que o presidente se tornou um “pato manco” e estão adorando essa situação. Os pedidos de impeachment que se avolumam servem apenas para alimentar ainda mais a sanha predatória da turma do Centrão, que mantém Bolsonaro sob constante ameaça.

A aprovação do fictício orçamento é a prova disso. O Ministério Público junto ao TCU já alertou que a sanção da LOA (Lei Orçamentária Anual) da forma como está pode configurar crime de responsabilidade. E Bolsonaro não sabe o que fazer para sair dessa camisa de sete varas.

Lira já percebeu também que a valentia de Bolsonaro acaba assim que encontra outro doido pela frente. E provou isso ao País quando discursou no plenário lembrando os remédios amargos da democracia numa clara ameaça ao presidente. Dia seguinte Bolsonaro o recebeu falando fino.

E assim o Centrão segue ocupando cada vez mais espaço no governo e avançando no orçamento. Enquanto milhares de pessoas morrem nos leitos dos hospitais ou de fome em nossas periferias. E os requerimentos de impeachment não saem da gaveta.

EDNA LIMA ” BLOG OS DIVERGENTES” ( BRASIL)

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