O ministro da Defesa, Fernando Azevedo e Silva, pediu demissão no mesmo dia do ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo.
O estopim foi, de acordo com o Estadão, uma entrevista do general Paulo Sérgio, responsável pelo setor de recursos humanos do Exército, inclusive da área de saúde.
Ao Correio Braziliense, Paulo Sérgio defendeu o lockdown, dizendo que integrantes de grupos de risco foram enviados para home office e cerimônias acabaram suspensas em todos os quartéis.
“Além disso, estão sendo realizadas campanhas massivas de distanciamento social e outras ações, como uso de máscaras e higienização das mãos”, contou.
Ainda apontou a possibilidade de uma terceira onda da covid-19 no país.
Lauro Jardim, do Globo, tem outro bastidor.
“Bolsonaro, por exemplo, pediu mais de uma vez a Azevedo e Silva que o comandante do Exército, general Edson Pujol, fosse demitido. Azevedo e Silva resistiu o quanto pôde e segurou Pujol em seu cargo”, escreveu.
“Bolsonaro também costumava reclamar com o general Azevedo e Silva que precisava de demonstrações públicas de apoio das Forças Armadas. E culpava Azevedo e Silva por não tê-las”.
Em nota oficial, Azevedo e Silva agradeceu a Bolsonaro, “a quem dediquei total lealdade ao longo desses mais de dois anos, a oportunidade de ter servido ao País”.
E completa: “Nesse período, preservei as Forças Armadas como instituições de Estado”.
De estado, frise-se. Não de uma família ou de um governo.
Ou seja, o presidente tentou usar as Forças Armadas para algo que o ministro não queria usar.
Vender cloroquina e encampar negacionismo, eventualmente? Um golpe de estado? O apoio a motins da PM?
Qualquer coisa, desde que alinhada ao bolsonarismo. O que vem por aí pode ser pior.
KIKO NOGUEIRA ” DIÁRIO DO CENTRO DO MUNDO” ( BRASIL)