Vista isoladamente – menos 0,2% sobre novembro – o índice do IBGE para o setor de serviços divulgado hoje parece pouco expressivo, sobretudo depois do tombo de mais de 6% revelado ontem para o comércio. Mas tanto frente às expectativas do mercado financeiro – que era de alta de 0,4% – quanto colocado em perspectiva anual – queda de 7,8 no acumulado do ano, frente ao acumulado em 2019 – o resultado é um balde de gelo do discurso da recuperação econômica.
É o pior registrado desde que o IBGE passou a medir, com os métodos atuais, o desempenho do setor e deixa para trás, com muita folga, o pior resultado da série, os menos 5% de 2016.
O impacto disto sobre o PIB é imenso, por os serviços representam, no Brasil, três quartos da atividade econômica. Portanto, o número representa uma carga negativa superior a 5% no total das contas nacionais, nas quais só terá peso positivo a agricultura, pois a indústria fechou o ano com queda de 4,5%.
O pior não é nem isso, uma vez que os resultados negativos de 2020 eram inevitáveis frente à pandemia, mas o efeito no que os economistas chamam de “carry over” sobre o PIB, ao menos do primeiro trimestre de 2021, ou seja, no efeito estatístico que um PIB em trajetória de alta (ou de baixa) arrasta para o período de medição posterior àquele em que foi registrado.
Em lugar de “recuperação em V“, o melhor que se pode esperar do PIB do 4° trimestre é que fique em zero e o que o do 1° tri de 2021 seja levemente negativo.
FERNANDO BRITO ” BLOG TIJOLAÇO” ( BRASIL)