No último sábado, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva convidou o ex-prefeito Fernando Haddad para uma conversa reservada e disse a ele que não é mais possível aguardar uma decisão do Supremo Tribunal Federal sobre a suspeição do ex-juiz Sérgio Moro e a devolução de seus direitos políticos. A despeito das provas incontestáveis de que Moro orientou a acusação e, portanto, fraudou o processo penal, a decisão está nas mãos de um Supremo Tribunal Federal que foi cúmplice do golpe de 2016 e, portanto, do processo que destruiu a democracia brasileira com o afastamento irregular da ex-presidente Dilma Rousseff, a prisão política de Lula e as fraudes eleitorais contra Haddad, numa campanha marcada por fake news e vazamentos seletivos de delações, como a de Antônio Palocci.
Como o tempo escorre pelas mãos e Bolsonaro se mantém em campanha permanente, a avaliação pragmática é a de que chegou a hora de “colocar o bloco na rua”. Isso significa que Haddad viajará pelo Brasil como pré-candidato à presidência da República. Da mesma forma, Lula também fará o mesmo, para que ambos participem do debate público nos espaços de mídia ainda disponíveis. Caso o STF cumpra seu dever institucional e decida restaurar o estado de direito no Brasil e a vigência da própria Constituição Federal, o quadro será reavaliado e a candidatura presidencial de Lula passará a ter prioridade.
No dia de ontem, tive a oportunidade de entrevistar dois protagonistas da construção deste projeto popular contra a ameaça de destruição nacional representada pelo bolsonarismo. À noite, o próprio Haddad me confirmou, em entrevista à TV 247, que aceitou a convocação feita por Lula. Disse que não é mais possível esperar e deixou claro que, caso o STF cumpra seu dever, apoiará o ex-presidente Lula. De manhã, entrevistei o governador maranhense Flávio Dino, que também me confirmou que não será obstáculo à construção da unidade popular e democrática. Dino afirmou que retira seu nome da disputa assim que forem devolvidos os direitos de Lula, mas ele certamente manterá diálogo aberto com Haddad para que ambos articulem uma frente democrática e popular. Uma frente que necessitará também do Psol e de outras forças.
O movimento destas três peças fundamentais, Lula, Dino e Haddad, ocorre num momento de esfacelamento da direita tradicional, que se autoproclama como “centro”, mas que começa a se tornar cada vez mais parecida com a velha Arena, partido que deu sustentação ao regime militar. Com o enfraquecimento dos projetos alternativos da direita, o cenário de 2022 tende a repetir o de 2018, com uma polarização entre o fascismo destrutivo e genocida que está no poder e uma social-democracia comprometida com o desenvolvimento e com direitos civis e sociais. Não é e nunca foi uma escolha muito difícil.
Confira, abaixo, as entrevistas de Dino e Haddad à TV 247:
LEONARDO ATTUCH ” BLOG BRASIL 247″ ( BRASIL)