O EXPRESSO DA VITÓRIA DE REBELO DE SOUSA

  • Uma das mais prestigiosas publicações do universo da imprensa lusófona é o semanário lisboeta Expresso, criado há 48 anos, em seis de janeiro de 1973, pelo empresário e jornalista Francisco Pinto Balsemão, cujo tio, de quem herdara o nome e os sobrenomes, era proprietário do arejado vespertino Diário Popular (1942 – 1991).
  • O primeiro Expresso que me chegou às mãos foi o de número 69, com data de 27 de abril de 1974, ou seja, dois dias após a eclosão da Revolução dos Cravos. Fora encaminhado às redações da Bloch Editores, no Rio de Janeiro, pelo correspondente em Lisboa, Cláudio Mello e Souza (1924 – 2011) – juntamente com edições do Diário de NotíciasO SéculoDiário de LisboaA Capital e o Diário Popular.
  • Os jornais foram entregues para mim, então um jovem redator internacional, de 24 anos, que, à época, trabalhava em O Globo, à noite, e, durante o dia, na revista semanal Fatos&Fotos, do Grupo Bloch, editora também da célebre Manchete. Fora encarregado de coordenar e editar, na Fatos&Fotos, o suplemento especial sobre o 25 de Abril. Consciente que estava a testemunhar um extraordinário momento da História, li todas as publicações, guardei-as e as mantenho até hoje no meu acervo, em São Paulo. Devidamente encadernadas com preciosa capa em couro.
  • Seguiria, posteriormente, para a Europa, como correspondente de O Globo, sediado em Madri, porém, incumbido de continuar a acompanhar os percursos da Revolução dos Capitães de Abril.   Apaixonei-me imediatamente pelo Expresso, expedido por Mello e Souza, e, com minhas constantes deslocações a Lisboa, aproximei-me bastante da redação e de seu querido e saudosomestre, o Subdirector, Augusto de Carvalho (1934 – 2012), um valoroso intelectual nascido em Lourenço Marques, rebatizada para Maputo, capital de Moçambique, no antigo Ultramar lusitano.
  • Era um jornal moderno e arrojado, editorialmente, tendo uma invejável equipe de correspondentes e colaboradores em todos os continentes. Foi justamente Carvalho quem me convidaria para ser correspondente em Roma do Expresso, pouco depois que Pinto Balsemão, hoje com 83 anos, deixara a direção e se tornara Primeiro Ministro, pelo Partido Social-Democrata (PSD), entre 1981 e 1983. Assumira a direção do jornal o atual Presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa, reeleito, aos 72 anos, no último dia 24 de janeiro, no primeiro turno, pelo mesmo PSD, com mais de 60 por cento dos votos.
  • Tive, portanto, o privilégio de ter como Director o Presidente Rebelo de Sousa – que, por sua vez, seria substituído, no ano seguinte,  por Carvalho. O chefe de Estado é um refinado estudioso, com formação jurídica, e se mostrava afável e acessível aos seus comandados. Ele e Carvalho possuíam um carinho especial pelos colegas brasileiros. O Subdirector fizera várias digressões ao Brasil – onde, aliás, esteve exilado por 17 anos, de 1974 a 1991, o genitor de Marcelo, o médico Baltazar Rebelo de Sousa (1921 – 2002), ex-Ministro do Ultramar e ex-Governador-Geral de Moçambique. Baltazar permanecia em São Paulo quando estive como correspondente romano do hebdomadário, que, a propósito, continua a ser um dos marcos iluministas do Jornalismo em língua portuguesa.  
  •  Também Marcelo Rebelo de Sousa se destacaria, antes de conquistar a Presidência da Nação, como comentarista político na televisão – o que lhe daria enorme popularidade. Foi reeleito, a rigor, com os votos dos social-democratas e dos próprios socialistas. Como já havia acontecido com o maior dos líderes civis do 25 de Abril, o socialista Mário Soares (1924 – 2017), Presidente de 1986 a 1996, principal responsável pela vitoriosa opção preferencial lusitana à União Europeia. Assim como Rebelo de Sousa.                       

ALBINO DE CASTRO ” “PORTUGAL EM FOCO” ) BRASIL / PORTUGAL)

Albino de castro é jornalista e historiador

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