As mórbidas semelhanças entre Brasil e Estados Unidos vão além do golpismo selvagem de seus presidentes.
Ambos os países escalar rapidamente o número de casos de infecção e morte provocados pelo novo coronavírus.
Lá, ontem, 4.111 mortes, segundo o NY Times; aqui, 1.524 (se descontados os resultados “atrasados”). o segundo maior número diário de óbitos de toda a pandemia.
Não são as novas cepas de vírus as principais responsáveis por esta previsível explosão, mas o vácuo de governança em que os dois países estão mergulhados.
Donald Trump e Jair Bolsonaro são dois homens sem capacidade de liderar senão os estúpidos, os fanáticos, os adoradores da morte.
Embora só Trump tenha passado pela prova das urnas, ambos foram igual e fragorosamente derrotados pela pandemia, que os mostrou negacionistas, incapazes, charlatães e os fez aparecer em sua microscópica estatura a todas as pessoas que se conservam lúcidas.
Aqui, pode-se fazer a cortina de fumaça que fizer, isso não esconderá que Jair Bolsonaro foi derrotado, na “guerra de vacinas” que ele próprio criou, por um anão como João Doria e pela “vacina chinesa” contra a qual tanto vituperou.
E diz que vai lançar seu plano usando as 11 milhões de doses do Butantan que deixaria para São Paulo, por proporcionalidade, 2,5 milhões de doses.
Por isso, chamei-o aqui de “Plano Mão Grande”: vacinas que rebarbou em outubro e agora toma para salvar sua cara. Nem a velhinha de Taubaté acha que é por generosidade que João Doria as daria para Bolsonaro fazer farol.
As 2 milhões de vacinas arranjadas (até agora, apenas prometidas) da Índia não seriam suficientes sequer para três ou quatro dias de vacinação nos 49 municípios brasileiros com mais de 500 mil habitantes.
Se considerados os mais de 46 milhões de brasileiros residentes nos 17 municípios de mais de um milhão de habitantes, seriam suficientes para imunizar (com duas doses) pouco mais de 1%.
A ideia de espalhar indiscriminadamente as vacinas, sem definir áreas que receberão a Astrazêneca e áreas que receberão a vacina do Butantan cria, além do mais, um problema imenso de logística, considerando que a segunda dose, em duas ou três semanas, deverá ser da mesma fabricação.
FERNANDO BRITO ” BLOG TIJOLAÇO” ( BRASIL)