Mais, expõe ao mundo a falsa coragem dos radicais, como ele e o próprio Bolsonaro, perante seus próprios seguidores. Não se tenha dúvidas de que Bolsonaro será o Trump amanhã.
No mercado, menciona-se o termo “piscar” quando o jogador vacila em momentos decisivos das apostas. Desde o final do ano, Donald Trump estimulou diretamente as manifestações no Capitólio no dia 6 de janeiro, data da confirmação da vitória de Joe Biden. No dia da invasão, apareceu no Twitter com o estilo atrevido de sempre. Depois da invasão e dos anúncios de mortes, não se pronunciou condenando a invasão. Mais: sabendo da organização da movimentação, não providenciou a Força Nacional para defender o Capitólio.
Ontem à noite, sua manifestação condenando às manifestações soaram patéticas, mostram que ele piscou e representam enorme tiro no pé.
A lógica de Trump era radicalizar ainda mais, na saída, para manter o controle do Partido Republicano. As pesquisas de opinião confirmavam que parte relevante dos eleitores republicanos acreditava nas teorias conspiratórias divulgadas por ele.
Aí, ele deu um passo maior que a perna ao estimular a invasão do Capitólio. As violências perpetradas pelos invasores chocaram grande parte da Nação, provocaram críticas generalizadas, inclusive de políticos republicanos e – pior – resultaram em mortes. Esse conjunto de desdobramentos tornaram Trump não apenas passível de impeachment, como de um processo criminal inevitável. E, aí, o estrategista de um lance só – a radicalização em qualquer hipótese – vacilou.
Como será lida, por seus seguidores, sua desculpa tatibitate, engrossando o coro contra os invasores?
1. Fraqueza.
O super-homem caiu na real e, em vez dos latidos habituais, miou, submeteu-se ao império das leis, ele que usava o marketing do anti-sistema para crescer.
2. Traição.
Vai ficar claro como a luz do dia que os radicais de Trump nunca passaram de massa de manobra dele. Depois de estimulados por Trump a invadir o Capitólio, foram deixados à sua própria sorte.
Piorou em tudo sua posição. Poderá até se livrar do impeachment, devido ao pouco tempo que resta para sua saída da presidência. Mas não se livrará dos processos penais, responsabilizado pelas mortes ocorridas e pelas ameaças à democracia americana. Que irão se somar aos inúmeros processos já em andamento, sobre seus abusos nos negócios e no exercício da Presidência.
Mais, expõe ao mundo a falsa coragem dos radicais, como ele e o próprio Bolsonaro, perante seus próprios seguidores.
Não se tenha dúvidas de que Bolsonaro será o Trump amanhã.Leia também: Trajetória da política ambiental nos EUA: como interpretar Trump e quais os desafios de Biden?, por Pedro Vasques
LUIS NASSIF ” JORNAL GGN” ( BRASIL)