A única explicação, então, é que os Ministros militares estão contaminados por um ideologismo de guerra-fria, não das Forças Armadas, mas do próprio Bolsonaro, considerando funcionários públicos como suspeitos
Institutos militares fornecem formação de elite, comparável aos institutos e universidades civis. Os institutos tecnológicos das 3 armas investem em pesquisas de ponta.
Qual a razão, então, dos desastres reiterados de gestores militares na área pública?
No Ministério das Minas e Energia, o Almirante Bento Albuquerque fracassou amplamente não apenas na fiscalização, como na resolução dos problemas de energia no Amapá. Na Saúde, o general Eduardo Pazuello fracassou no seu próprio campo, a logística, deixando uma carga estratégica de insumos se perdendo em armazéns.
Ora, ambos os Ministérios possuem quadros técnicos que garantem a continuidade dos trabalhos, independentemente de quem seja o Ministro. O próprio ex-Ministro Luiz Henrique Mandetta, depois de um início desastroso, rendeu-se à racionalidade dos quadros técnicos.
A única explicação, então, é que os Ministros militares estão contaminados por um ideologismo de guerra-fria, não das Forças Armadas, mas do próprio Bolsonaro, considerando funcionários públicos como suspeitos, por terem trabalhado para outros governos – e trabalharão para os próximos. Seja qual for a explicação, o comportamento de ambos desmoraliza, de saída, a ideia da suposta eficiência de gestores militares.
Já a submissão de Pazuello às humilhações impostas por Bolsonaro, não se explica. Ele participa do governo não apenas como Ministro, mas como militar da ativa. Sua submissão a ordens que implicam em aumentar as vulnerabilidades do país, a vida dos cidadãos, é desmoralizante.
LUIS NASSIF ” JORNAL GGN” ( BRASIL)