Na véspera do dia oficializado e dedicado à Consciência Negra, João Alberto Vieira Freitas, um homem negro de 40 anos, foi espancado e morto por dois homens brancos que trabalhavam de segurança para o supermercado Carrefour, em Porto Alegre. O ato covarde foi gravado e circula na internet.
O Carrefour lavou as mãos, fez um desagravo e rompeu contrato com a empresa terceirizada, para contratar outra e esperar que um novo crime aconteça.
Um dos assassinos é policial militar e a corporação, em nota, informou que ele é ‘temporário’ e estava fora do horário de trabalho, que suas atribuições são limitadas à execução de serviços ‘internos’, não sabendo informar o que ele fazia no supermercado. O outro assassino não é policial.
Como é de costume quando há esse tipo de crime, os nomes dos criminosos, assim como o da empresa para quem eles prestam serviço, ficam sob sigilo, protegidos pela herança escravista.
A palavra Carrefour quer dizer encruzilhada, cruzamento, essa é a razão da existência das duas setas apontadas em sentidos opostos que aparecem no logotipo da rede de supermercados de origem francesa.
Na idade média haviam pequenos ‘burgos’, cidades situadas em torno dos castelos medievais, que viviam de pequenos comércios que cresceram com a chegada das especiarias do oriente.
O progresso fez com que novas rotas fossem abertas e, nos cruzamentos dessas rotas, foram surgindo mercados e feiras e a palavra Carrefour passou a significar esse aglomerado comercial.
Os mercadores construíram muralhas de pedras para se protegerem de assaltos e da dominação de outros povos, surgindo então os burgueses.
A seta apontada para dentro das muralhas de pedras, mostra a classe dominante próspera, protegida dos assaltantes, porém conservadora e medieval; A seta apontada para fora, mostra o cruzamento, a encruzilhada onde estamos e de onde precisamos mostrar organização e consciência contra o crescimento dos homicídios e dos atos de racismo.
RICARDO MEZAVILA ” BLOG BRASIL 247″ ( BRASIL)
Escritor, Pós-graduado em Ciência Política, com atuação nos movimentos sociais no Rio de Janeiro.