AS METAS AMBIENTAIS ESTÃO CADA DIZ MAIS NO CENTRO DAS POLÍTICAS PÚBLICAS

A eleição de Joe Biden fortalecerá as instituições multilaterais e provavelmente ajudará a colocar os ODSs como peças centrais no balizamento dos financiamentos internacionais. E aumentará ainda mais a vulnerabilidade brasileira, com as políticas ambientais de Bolsonaro colocando o país na berlinda.

Desde os anos 90, indicadores ambientais se tornaram referências até para a obtenção de financiamentos. A prática foi introduzida pelo Banco Mundial e seguida pelo Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

Com a pandemia da Covid-19, como ficarão esses indicadores?

Recentemente a Fundação Rockefeller e a Brookings Institution montaram um painel com 150 influenciadores, reunidos em 17 salas temáticas, referentes a cada uma das metas fixadas pelos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, com dois objetivos principais:

1. Analisar a viabilidade das metas fixadas no acordo dos ODSs à luz dos problemas trazidos pelo Covid-19. O acordo foi acertado em 2015 entre 193 estados membros da ONU, com um conjunto de metas a serem alcançadas até 2030.

2. Discutir 10 temas centrais para promover o desenvolvimento (não meramente o crescimento), a redução das desigualdades em um quadro pós-pandemia.

O encontro foi motivado por um artigo da Nature – a prestigiada revista científica – questionando as metas do ODS. Segundo o artigo, as metas teriam que ser revistas, em cima de três enfoques:

1. Ainda é uma prioridade pós-Covid?

2. Refere-se a desenvolvimento, ou apenas a crescimento?

3. O caminho proposto é resistente às interrupções globais?

As conclusões das 17 salas  foram que o  Covid ampliou a atenção sobre os temas estudados.

Houve pessimismo em relação a alguns dos temas, principalmente desigualdade, educação, fome e sistemas alimntares. As perspectivas mais otimistas foram em relação ao tema infraestrutura digital. E todas as salas concordaram que o Covid-19 exigiria mudanças nas formas de abordar cada tema.Leia também:  Guedes e a segunda onda da Covid ameaçam a recuperação, por Luis Nassif

Os membros da Sala 3, sobre saúde, Sala 10, sobre desigualdade Sala 11, sobre cidades, Sala 12, sobre consumo e produção responsáveis, consideram que houve um grande aumento do interesse pelo temas tratados

A concordância geral foi a de que o Covid-19 exigirá novas abordagens para tratar cada uma das questões analisadas – sobre elas falaremos em futuras colunas.

É possível que as estratégias de recuperação econômica coloquem os ODS como peça central. Segundo artigo do Brookings, a ideia já teve o apoio dos primeiros-ministros canadense e jamaicano, que tem co-presidido as esforços da ONU para vincular os financiamentos do Covid-19 aos ODS.

A iniciativa teve o apoio também da presidente da Comissão Europeia, que tornou a sustentabilidade o núcleo do Plano de Recuperação para a Europa. O Reino Unido, que preside o G-7, se comprometeu com a sustentabilidade, assim como os bancos públicos, que controlam US$ 2,3 trilhões em financiamentos anuais.

Do lado privado, as 4 grandes firmas de auditoria e o Fórum Econômico Mundial anunciaram novas médicas atreladas aos ODS. E há um movimento OPCDE; G20 de tributação das multinacionais, visando aumentar a receita dos países em desenvolvimento.

A eleição de Joe Biden fortalecerá as instituições multilaterais e provavelmente ajudará a colocar os ODSs como peças centrais no balizamento dos financiamentos internacionais. E aumentará ainda mais a vulnerabilidade brasileira, com as políticas ambientais de Bolsonaro colocando o país na berlinda.

LUIS NASSIF ” JORNAL GGN” ( BRASIL)

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