O SEGUNDO MITO DA ECONOMIA: A CURVA DE PHILIPS

No caso brasileiro, os dois maiores fatores de pressão, nas últimas décadas, foram os chamados produtos comercializáveis, cujos preços são fixados internacionalmente em dólares.

A revista Alternatives Économiques elaborou um conjunto de artigos destinados a expor dez mitos econômicos que foram  desmentidos pelos fatos nos últimos anos. O primeiro Mito é o que define correlações diretas entre emissão de moeda e inflação.

O segundo mito é o da chamada curva de Phillips, um dos princípios mais mencionados pelos economistas do século 20, um enunciado do economista neozelandês Alban William Phillips (1914-1975).PUBLICIDADE

Em 1958 ele publicou um estudo empírico, baseado em dados britânicos, estabelecendo uma relação direta entre desemprego e salários, baseado em uma interpretação da lei da oferta e da procura. Quanto menor o desemprego, maior o salário. Quanto maior o salário, maior a inflação. Portanto, seria incompatível pleno emprego e estabilidade inflacionaria. Essa constatação fazia com que, sempre que a economia estava perto do pleno emprego, a política econômica trataria de utilizar instrumentos monetários e fiscais para desaquecer a economia.

Uma análise dos grandes países industrializados  mostra que a partir do início da década de 1990, a Lei se enfraqueceu, diz a revista.

Nos anos 2.000 o desemprego caiu e os preços permaneceram estáveis. Com a flexibilização do mercado de trabalho, pequenos empregos de meio período ganharam expressão, assim como o trabalho autônomo. Pessoas saíram das taxas de desemprego, sem conseguirem trabalhar mais. Antes da pandemia, a força de trabalho disponível nos EUA era de 6,7% da força e trabalho total, contra uma taxa oficial de desemprego de 3,5%.

Mesmo quando cai o número de pessoas procurando trabalho, os aumentos salariais não ocorrem automaticamente. Houve perda de força dos sindicatos, O aumento da concentração de empresas em muitos setores reduziu a quantidade de empregadores aumentando o poder de fixação de salário para os empregadores remanescentes.

Conclui-se, portanto, que a curva de Phillips deixou de ser uma lei universal das economias desenvolvidas. É possível ter baixo desemprego sem inflação.Leia também:  A esdrúxula política de abastecimento da dupla Guedes-Tereza Cristina, por Luis Nassif

No caso brasileiro, os dois maiores fatores de pressão, nas últimas décadas, foram os chamados produtos comercializáveis, cujos preços são fixados internacionalmente em dólares.

Por isso mesmo, o efeito principal da política de metas inflacionárias consistia em aumentar as taxas de juros, com isso atrair capital externo que, entrando em abundância, apreciava o câmbio, derrubando os impactos das altas dos comercializáveis. Esse tipo de política produziu enormes distorções no tecido industrial brasileiro.

LUIS NASSIF ” JORNAL DO NASSIF” ( BRASIL)

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *