O primeiro mito é que a inflação é um fenômeno inteiramente monetário, princípio consolidado em 1970 por Milton Friedman com sua famosa lei: “A inflação é sempre e em toda parte um fenômeno monetário no sentido em que é e só pode ser gerado por um aumento da quantidade de dinheiro mais rápido do que o da produção.”
Desde a crise de 2008, tem ocorrido uma dessacralização de uma série de mitos do pensamento econômico, alçados à condição de dogmas. A revista francesa Alternatives Economiques decidiu selecionar 10 desses mitos, compilando as discussões que estão ocorrendo nos centros acadêmicos de países desenvolvidos.
O primeiro mito é que a inflação é um fenômeno inteiramente monetário, princípio consolidado em 1970 por Milton Friedman com sua famosa lei: “A inflação é sempre e em toda parte um fenômeno monetário no sentido em que é e só pode ser gerado por um aumento da quantidade de dinheiro mais rápido do que o da produção.”
Nos últimos anos, esse dogma passou a ser questionado especialmente pelos seguidores da chamada Nova Teoria Monetária.
Friedman afirmava que quando os governos apoiam a atividade econômico com déficits orçamentários financiados pela emissão de moedas, o resultado seria a inflação. A quantidade de dinheiro em circulação cresceria mais rapidamente do que a atividade econômica, e pela lei da oferta e da procura, mais moedas comprando a mesma quantidade de bens significaria aumento de preços, perda do poder de compra e do crescimento.
Nos anos 70, não houve maneira de conferir a lei na prática. Na dé3cada de 80, a oferta monetária cresceu mas rapidamente que a atividade. Mas a inflação estava em queda. Na década de 1990, a oferta de moeda manteve-=se na mesma proporção que a produção, mas os preços subiram.
A prova do pudim chegou com a crise de 2008. Os bancos centrais de todo o mundo emitiram a mais não poder. E a inflação nunca esteve tão baixa. Em pleno 2020, depois da enxurrada de novas emissões, o maior risco continua sendo a deflação.
Houve alta de ativos, devido aos movimentos especulativos decorrentes do excesso de liquidez. Mas não no preço dos bens em geral. As flutuações financeiras e imobiliárias obedecem a muitas determinantes, constata a revista, daí a dificuldade em atribuir elas a uma única causa, como a emissão de moeda.Leia também: A esdrúxula política de abastecimento da dupla Guedes-Tereza Cristina, por Luis Nassif
Mais do que nunca, a inflação responde a múltiplos determinantes, os conflitos entre empregados e empregadores, erre credores e devedores, entre as várias empresas e sua capacidade de ficar preços. Ou seja, a inflação continua sendo principalmente um fenômeno político e social.
Os demais mitos relacionados pela revista são:
* A dívida pública é um obstáculo ao crescimento
* Baixo desemprego eleva os salários.
* A Bolsa capitaliza as empresas.
* Desvalorização cambial incentiva o crescimento.
* Aumento do salário minimo destrói empregos.
* Salários mais baixos criam empregos.
* Abertura comercial beneficia a todos.
LUIS NASSIF ” JORNAL GGN” ( BRASIL)